Henrique Bernardelli em Ouro Preto: contribuição ao trabalho de Celita Vaccani

Ricardo Giannetti

GIANNETTI, Ricardo. Henrique Bernardelli em Ouro Preto: contribuição ao trabalho de Celita Vaccani. 19&20, Rio de Janeiro, v. IV, n.4, out. 2009. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/artistas/hb_ouropreto.htm>.

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Apresentação

                     1.            Em trabalho datado de 12 de agosto de 1957 [cf. link], Celita Vaccani (1913-2000) estudou as anotações manuscritas deixadas por Henrique Bernardelli (1857-1936) referentes à obra e à vida do artista mineiro Aleijadinho (c.1738-1814), anotações estas que tiveram como suporte o texto biográfico do escultor de autoria de Rodrigo José Ferreira Bretas (1814-1866) intitulado Traços biográficos relativos ao finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor mineiro, mais conhecido pelo apelido de - Aleijadinho; bem como o pequeno estudo Aleijadinho (Esboço biográfico) de José Pedro Xavier da Veiga (1846-1900), que lhe faz introdução.

                     2.            A publicação original do trabalho de Rodrigo Bretas dera-se em 1858, nas páginas do Correio Official de Minas, nºs 169 e 170. Em 1896 mereceu uma nova publicação na Revista do Arquivo Público Mineiro, Ouro Preto, jan./mar. 1896, ano I vol. I, fascículo I, págs. 163-174, então recém-criada. Foi esta a versão utilizada por Henrique Bernardelli.

                     3.            A leitura recente do texto da professora Celita Vaccani nos trouxe o desejo de elaborar a presente contribuição. Algumas das indagações abertas pela autora no trabalho podemos hoje satisfazer.

                     4.            Com base na data da publicação da biografia do escultor na Revista do Arquivo Público Mineiro e na data da edição da revista Kosmos, Rio de Janeiro, ano I, nº 2, fevereiro de 1904, onde se achou reproduzido o óleo de Bernardelli O Aleijadinho em Villa-Rica, Vaccani situou a estada do pintor em Ouro Preto entre os anos de 1896 a 1904. Tendo o auxílio de fontes primárias obtidas em jornais da época consultados, pode-se hoje determinar com exatidão o período em que Henrique Bernardelli esteve em Ouro Preto, datando-o, com segurança, em fins de março e início do mês de abril de 1898. As notícias em questão foram veiculadas no jornal Minas Gerais em 2, 3 e 13 de abril, e no Jornal do Commercio no dia 10 do mesmo mês.

Henrique Bernardelli em Ouro Preto

                     5.            O pintor Bernardelli realizaria na cidade mineira alguns trabalhos: pinturas a óleo, desenhos, aquarelas, estudos. Principalmente, foram destacados por Celita Vaccani:

a)      Cópia de um desenho do busto de Aleijadinho, Mestre Aleijadinho [Figura 1];

b)      O óleo O Aleijadinho em Villa-Rica; obra desaparecida [Figura 2];

c)      Um Estudo para o quadro anterior, em aquarela, mostrando o interior da Capela da Ordem Terceira de São Francisco de Assis [Figura 3];

d)     O óleo Paisagem, tendo como motivo os terrenos dos fundos da casa de Antônio Gomes Monteiro na rua do Rosário, datado de 1898 [Figura 4].

                     6.            O primeiro desses trabalhos, executado sobre papel, contém na parte inferior a inscrição manuscrita por Bernardelli: Mestre Aleijadinho. Mostra a figura do escultor: um rosto de mulato bem característico pela forma larga dos lábios e do nariz, olhos amendoados, sobrancelhas longas e finas, maçãs do rosto proeminentes, testa ampla e cabelos crespos; veste um sobretudo cujas golas altas e firmes dão-lhe mesmo elegância. É um estudo de figura que visa fixar o retrato imaginário do artista.

                     7.            Para o segundo trabalho citado por Celita Vaccani, O Aleijadinho em Villa-Rica, Bernardelli compõe uma cena no interior sombrio e grave da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis. Temos a figura central do escultor, corpo atarracado, envolto em uma pesada veste escura, sendo observado por algumas pessoas que estão ao seu redor, em solene atenção. Aleijadinho mantem os olhos baixos. Outras pessoas conversam, postadas no segundo plano. O arco-cruzeiro fecha a composição acima, dando a entender a dimensão da nave. O púlpito à direita é minuciosamente trabalhado pelo pintor, tendo-se ao alto algumas cordas pendentes. À frente, um trabalho esculpido, um singelo rosto de anjo, descansa sobre uma banqueta tosca. No chão, em um canto, restam certos objetos de trabalho, uma bacia, alguns instrumentos, um andaime. Este quadro é de conhecimento, unicamente, através da sua reprodução, conforme ressaltou Celita Vaccani, na Revista Kosmos, Rio de Janeiro, ano I, no. 2, fevereiro de 1904, ilustrando o artigo Um Artista Mineiro, de Arthur Azevedo (1855-1908).

                     8.            Será de interesse mencionar que, dentro deste mesmo pensamento criativo, realizou o próprio Henrique Bernardelli uma outra obra tendo como personagem central um eminente artista brasileiro do passado. Trata-se do estudo Dom João ouvindo o padre José Maurício ao cravo [Figura 5], óleo sobre madeira, 41 x 51 cm, sem data, acervo Museu Histórico Nacional. Neste quadro, vemos acolhidos no ambiente de uma sala de música palaciana, a figura bem iluminada de dom João VI (1767-1826), além de outras pessoas da Corte que se colocam um pouco ao fundo, todos dedicando inteiro apreço à interpretação de uma partitura que, naquele momento, o padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) executa ao cravo. Os soberanos europeus, recém-chegados ao Brasil, acham-se em respeitosa admiração ao talento surpreendente do músico da terra.

                     9.            Celita Vaccani destaca em seu trabalho, a seguir, o Estudo em aquarela, de sua propriedade, mostrando o interior da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, ausentes os figurantes da outra versão; e o óleo Paisagem, datado de 1898, tendo como motivo os quintais da residência do senhor Antônio Gomes Monteiro, no bairro do Rosário, em Ouro Preto.

                  10.            Podemos somar aos trabalhos por ela relacionados o quadro Paisagem de Ouro Preto [Figura 6], óleo sobre tela colada sobre madeira, 32 x 15 cm, que integra o acervo do MASP/Museu de Arte de São Paulo. Trata-se de um pequeno quadro de feitura apressada e de pouco tratamento, em tudo semelhante ao estudo Paisagem, relacionado por Vacanni. O emprego de cores é restrito: o céu opaco e cinza não tem a menor graça; verdes claros e escuros espalham-se pelos matos dos quintais; o branco-sujo do casario; o tom terroso do chão e dos telhados. Representa uma vista tomada de uma localidade do bairro de Antônio Dias, mostrando, ao alto, a parte lateral fronteira da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, pintada com certo descuido, tendo-se, mais acima, já o nível da praça onde demora a Casa da Cadeia.

                  11.            Há de ter composto Bernardelli inúmeros outros estudos e trabalhos pictóricos em Ouro Preto - trabalhos estes de localização ignorada, todavia. O arquiteto Sylvio de Vasconcellos (1916-1979), em um artigo intitulado Pintura de Cavalete (VASCONCELLOS, 1959: 95), no qual analisa ligeiramente a produção artística mineira, menciona ser do seu conhecimento um pequeno quadrinho do pintor Honório Esteves (1860-1933) representando seu colega Bernardelli, no momento em que este pintava uma vista da casa de Marília de Dirceu em Ouro Preto, sendo que a inscrição com esta informação constava no verso do trabalho - o que era muito próprio do pintor mineiro. Se fosse possível a localização de ambas as pinturas - a de Henrique e a de Honório - teríamos o encanto desta felicidade: a magia de se poder contemplar lado a lado os dois testemunhos. Mesmo porque a sóbria morada da musa de Gonzaga [Figura 7], a tão inspiradora casa, sempre visitada na imaginação, eternamente cantada em verso e prosa, e tantas vezes pintada e fotografada, terminou seus dias demolida em 1927. Acharam que ela não ficava bem onde estava.

                  12.            Será útil relembrar: em 1867, trinta e um anos antes da visita de Bernardelli, encontrou este trecho de paisagem de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias a seguinte impressão do inglês Richard Burton (1821-1890):

                  13.                                                  No fundo da depressão ao pé da montanha, e tendo atrás árvores frondosas, há um prédio sem beleza, comprido, baixo, coberto de telha e caiado de branco, muito parecido com uma confortável casa de fazenda. Ali morou e morreu Marília, cujo nome profano era D. Maria Joaquina Dorotéia de Seixas Brandão [...]. (BURTON, 1976: 303)

                  14.            Em 1881, por ali peregrinou dom Pedro II, com seu Diário:

                  15.                                                  [...] Fui ver a casa de Marília de Dirceu onde se conservam uma cadeira e o cabide na alcova em que dormia. Cortaram os pinheiros que havia no fundo da pequena chácara. A capela em ruínas junto a qual se reclinava Gonzaga para contemplar a casa de Marília tem invocação das Dores. De uma janela dos fundos desta casa descobre-se a casa da Ouvidoria. Assentei-me perto dela. (DOM PEDRO II, 1957: 78-79)

                  16.            Do poeta Olavo Bilac tem-se o conforto de sua rotineira categoria, em crônica escrita nas últimas semanas de 1893:

                  17.                                                  [...] vi pela primeira vez a casa em que morou a Marília de Dirceu, e em cujas janelas o seu vulto, na brancura ofuscante das madrugadas nevoentas ou ao esplendor sangüíneo dos ocasos de fogo, costumava mostrar-se de longe aos olhos apaixonados do ouvidor-poeta, a quem a paixão obrigava a trocar a toga solene de juiz pela túnica de pano grosso de um pastor de Arcádia.

                  18.                                                  Casa nobre - que emerge de entre as vizinhas quase como um palácio, hoje toda azul, olhando para o bairro de Ouro Preto por oito janelas - foi nela que d. Dorotéia de Seixas apareceu pela primeira vez ao poeta, e nela que a Musa, enquanto o seu cantor no degredo bárbaro enlouquecia e morria, viveu, monotonamente, até os 84 anos.

                  19.                                                  [...] encanta-me esse modo, humano e singelo, por que Marília se deixou morrer na sua casa engastada no fundo do vale, vendo, pelas colinas que a cercavam, a descida dos rebanhos brancos que a sanfonina pastoril do seu Gonzaga celebrara. (BILAC, 2005: 17, 19)

                  20.            Era um local que detinha, portanto, atrativos oriundos da História e das lendas, além de ser um sítio de encantamento da antiga Vila Rica.

                  21.            Pode-se inferir, com base no sugestivo registro de Sylvio de Vasconcellos, que Bernardelli tenha contado com a companhia de alguns ouro-pretanos, e, em especial - já que estiveram tão próximos - com a boa companhia do colega mineiro, para fazer algumas incursões pelas diferentes regiões de Ouro Preto. Da mesma forma, há de ter com ele obtido indicações de peças artísticas do Aleijadinho, sendo que Honório as conhecia muito bem.

                  22.            A intenção de Henrique Bernardelli em fixar uma cena com escultor Aleijadinho, parece ter sido determinada de antemão. Já em 2 de abril o jornal Minas Gerais deu uma nota comentando a estada do famoso artista em Ouro Preto. Na edição do dia seguinte, outra nota aditava a informação anterior, com mais detalhadas palavras. Bernardelli permaneceu por apenas poucos dias em Ouro Preto, e, nesse tempo, “[...] preparou não menos de cinco esboços para outras tantas telas representativas de cenas históricas, de pontos pitorescos da cidade e de paisagens.” Destaca-se, a seguir, claramente, já a intenção do pintor em ter como especial motivo em um desses quadros a figura do escultor Aleijadinho. Para tanto, como descrevemos, Bernardelli preferiu representá-lo em seu ambiente de trabalho, em plena atividade, no interior da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Ouro Preto. Diz a nota:

                  23.                                                  [...] o sr. H. Bernardelli consagra um dos seus novos quadros, agora aqui delineados, à memória do legendário Aleijadinho, o grande escultor mineiro, nele representado ao concluir um dos primorosos púlpitos da igreja de S. Francisco de Assis [...]. (MINAS GERAIS, 03/06/1898: 3)

                  24.            No dia 10 seguinte, usando como fonte o Minas Gerais, também noticiou o Jornal do Commercio, na sua secção Notas de arte, a visita de Henrique Bernardelli à ex-capital de Minas.

O finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor mineiro

                  25.            Importa elaborar alguns comentários sobre o Aleijadinho e acerca do texto de Rodrigo José Ferreira Bretas. Publicada, como foi dito, no Correio Official de Minas, em 1858, a biografia de Antônio Francisco Lisboa chamou logo a atenção do estudioso artista Manoel de Araújo Porto Alegre (1806-1879), no Rio de Janeiro. Porto Alegre referiu-se especialmente ao texto na Sessão Magna do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, onde comparecia como 1º Secretário, reunião esta realizada em 15 de dezembro de 1858. São muitos os elogios que dedica ao trabalho de Bretas e logo manifestou vivo interesse em saber mais sobre o autor da biografia do escultor mineiro. Para tanto, escrevera ao redator do Correio, senhor José Augusto de Menezes, que prontamente lhe transmitiu as informações pedidas e, bem assim, enviou para os arquivos do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro uma cópia ampliada do texto, a rogo do autor. Sobre estes fatos, existem detalhadas notas, elaboradas por Rodrigo M. F. de Andrade, Lúcio Costa e Judite Martins (BRETAS, 2002: 73).

                  26.            Portanto, a partir da segunda metade do século XIX, aqueles interessados, residentes na Corte, que jamais haviam estado em Ouro Preto ou viajado por outras vilas da Província, passaram a ter notícia das obras de arte do mineiro Aleijadinho.

                  27.            E novamente nos chega dom Pedro II (1825-1891) com seu Diário. Pelo que lemos nas anotações que deixou no capítulo da viagem à Minas, realizada nos meses de março e abril de 1881, cremos que o Imperador já houvesse tomado conhecimento da existência do escultor mineiro, através, certamente, do texto de Bretas depositado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no Rio de Janeiro, bem como, por informações transmitidas em sessões do Instituto por Araújo Porto Alegre. No Diário de Viagem à Minas, em uma ligeira impressão, a 31 de março, diz o Imperador:

                  28.                                                  [...] Daí fomos ao Rosário, que só se distingue por sua arquitetura externa; Corpo da igreja oval; Carmo onde disseram-me que o lavatório era obra do Aleijadinho e já com chuva e trovoada a S. Francisco de Assis cuja escultura do Santo em êxtase sobre a porta, púlpitos - principalmente o baixo-relevo da tempestade do lago de Tiberíade - figuras do teto da capela-mor - tudo obra do Aleijadinho - são notáveis. (DOM PEDRO II, 1957: 77)

                  29.            Em relação ao trabalho do Aleijadinho, releva notar que, naquela época, essa apreciação de inteira simpatia de dom Pedro II não era, de forma alguma, muito comum. Torna-se, mesmo, uma posição rara e importante. Melhor exemplificando, lembramos algumas menções que fez o escritor ouro-pretano Bernardo Guimarães (1825-1884) às imagens dos profetas do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo, inseridas na prosa O Seminarista, de 1872, onde lemos, a certa altura, o narrador qualificar essas esculturas como obras no mínimo sofríveis, da lavra de um artista carente de formação:

                  30.                                                  É sabido, que essas estátuas são obras de um escultor maneta, ou aleijado da mão direita, o qual, para trabalhar, era mister que lhe atassem ao punho os instrumentos.

                  31.                                                  Por isso sem dúvida a execução artística está muito longe da perfeição. Não é preciso ser profissional para reconhecer nelas a incorreção do desenho, a pouca harmonia e falta de proporção de certas formas. Cabeças mal contornadas, proporções mal guardadas, corpos por demais espessos e curtos, e outros muitos defeitos capitais e de detalhes estão revelando que esses profetas são filhos de um cinzel tosco e ignorante... Todavia as atitudes em geral são características, imponentes e majestosas, as roupagens dispostas com arte, e por vezes o cinzel do rude escultor soube imprimir às fisionomias uma expressão digna dos profetas.

                  32.                                                  O sublime Isaías, o terrível e sóbrio Habacuc, o melancólico Jeremias são especialmente notáveis pela beleza e solenidade da expressão e da atitude. A não encará-los com vistas minuciosas e escrutadoras do artista, esses vultos ao primeiro aspecto não deixam de causar uma forte impressão de respeito e mesmo de assombro. Parece que essas estátuas são cópias toscas e incorretas de belos modelos da arte, que o escultor tinha diante dos olhos ou impressos na imaginação.(GUIMARÃES, 1994: 32-33)

                  33.            O trecho do romance que transcrevemos nos deixa imaginar que tal sentimento manifestado pelo escritor tenha ocorrido, de um modo geral, com muitos outros visitantes que experimentavam se aproximar dessas obras. Resta-nos a impressão que, naquele tempo, havia mesmo alguma dificuldade em apreciar as esculturas, ou certas esculturas, do Aleijadinho - exatamente aquelas que trazem a sua mais completa criação. Ao contemplá-las, não obstante a beleza do conjunto e do cenário, alguma coisa parecia não ir muito bem. Há um momento de estranhamento. Existia a impossibilidade, talvez, de compreendê-las francamente.

Os primeiros trens para Minas

                  34.            Nos anos 1890, já no período republicano, tem-se a presença em Ouro Preto de alguns importantes artistas e escritores brasileiros, que, se de todo não se envolveram diretamente com a apreciação das obras do Aleijadinho, deixaram manifestos de muita admiração pela arte e arquitetura mineiras do período colonial. Alfredo Camarate, Coelho Netto, Francisco Aurélio de Figueiredo, foram alguns daqueles que visitaram Minas Gerais, e, em especial Ouro Preto, no ano de 1893.

                  35.            Alfredo Camarate (1840 -1904) foi um dos primeiros desta geração a “descobrir” Ouro Preto, em 1893. Entretanto, após permanecer na cidade por um tempo atuando como jornalista e lecionando música, com o início das obras de edificação da nova capital no arraial de Belo Horizonte, em março de 1894, para lá seguiu, e logo ingressou ativamente nos trabalhos da Comissão Construtora da Nova Capital. A ligação de Henrique Bernardelli com Camarate vem de uma exposição realizada no prédio da Imprensa Nacional no Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1886, quando o jovem Henrique Bernardelli residia na Itália. O Catálogo da exposição contou com a apresentação de Alfredo Camarate.[1] Esta mostra, organizada pelo irmão de Henrique, o escultor Rodolfo Bernardelli (1852- 1931), foi realizada em duas salas do prédio da Imprensa, contando com a participação também do pintor Nicolao Facchinetti (1824-1900), que apresentou seus panoramas, em número de vinte telas. Henrique Bernardelli mereceu boa apreciação de Alfredo Camarate no texto do Catálogo e extensos comentários de Gonzaga Duque (1863-1911) em  A Semana, em 6 e 13 de novembro e 4 de dezembro de 1886.[2] Alguns poucos anos mais tarde, em 1889, Bernardelli veria-se já criativamente envolvido com temas da brasilidade, ao abordar o motivo histórico dos Bandeirantes, personagens aventureiros que tanta importância tiveram na origem da povoação e da constituição de Minas.[3]

                  36.            O pintor Emílio Rouède (1848-1908) e Olavo Bilac viriam logo a seguir, no final de 1893 - sendo que Rouède passaria a residir em Ouro Preto durante o ano de 1894, e Bilac permaneceria por apenas alguns meses. Formou-se um grupo significativo em torno do escritor Afonso Arinos, que os recebeu. Exercia grande influência o sertanejo Arinos, nesta época, reunindo ao seu redor, em sua casa à rua Paraná, bom número de representativos artistas e intelectuais brasileiros, sendo ali acolhidos aqueles que se viam em trânsito. Assim, conviveram, dentre outros: além dos já citados Coelho Netto, Camarate, Bilac e Rouède - ainda, Raimundo Corrêa, Gastão da Cunha, Rodrigo de Andrade, Aurélio Pires, Estevam Lobo, Henrique Câncio, Virgílio Cestari e Magalhães de Azeredo.

                  37.            Muitos deles manifestaram grande interesse pelos acontecimentos históricos de Minas, sedimentados na arquitetura dos prédios e das igrejas da cidade, ou guardados nas dobras de documentos e papéis antiquíssimos dos arquivos. E, em especial, demonstraram admiração pela arte que descobriram com toda sua força original. Coelho Netto (1864-1934), com sua sensibilidade, referiu-se à Ouro Preto - que a todos impressionava - como cidade-relíquia. O pintor Emílio Rouède dedicou-se com afinco ao registro pictórico da cidade e de seus arrabaldes. Debruçou-se a investigar as origens e as influências dos estilos arquitetônicos dos bandeirantes e dos portugueses, e publicou artigos à este respeito no Le Brésil Republicain, onde comparecia como correspondente. Propôs que se escrevesse a história da arte mineira e sugeriu mesmo o título geral de Origine de l'art au pays de l'or. Ademais, buscou restaurar algumas peças de pinturas pertencentes à capela de São João, enaltecendo sempre as qualidades artísticas de seu desconhecido criador. Olavo Bilac (1865-1918), em suas crônicas produzidas no período, deixa igualmente um testemunho de valor e interesse. Muito pesquisou e escreveu sobre a original arte mineira, contida nas igrejas e capelas que então desvelou - São João, Padre Faria, São Francisco de Assis; meditou sobre a trajetória do revoltoso Felipe dos Santos, até então bem esquecido; sobre o dentista Xavier, mártir bastante lembrado; sendo que também o atraíram os personagens poetas e as musas da Inconfidência. - Vir a Minas é vir ao coração do Brasil, resumiu o poeta. Para arrematar: Ouro Preto, amantelada nas suas montanhas verdes, é como o reduto último da nossa nacionalidade.

                  38.            Sobretudo, foi da maior relevância o retorno a Ouro Preto do pintor Honório Esteves, logo no início de 1890, após quase sete anos residindo e estudando no Rio de Janeiro, período em que freqüentou as melhores classes da Academia Imperial das Belas Artes. Foi ele, certamente, um dos principais representantes da pintura moderna em Minas Gerais e, ao longo do tempo, tornou-se o mais ferrenho defensor do patrimônio histórico e artístico de Ouro Preto. Com sua atuação conseguiu salvar mesmo do completo desaparecimento muitas pinturas e trabalhos artísticos das igrejas e capelas, inclusive de autoria do próprio Aleijadinho - obras, por vezes, largadas ao descuido e abandono, ou, ainda pior, entregues à uma ação devastadora: as mãos incultas dos que se habilitavam junto às mesas das irmandades como doutos restauradores. Ao tocar neste assunto, lembramos aqui o protesto do próprio Bernardelli, à margem da página 171, linhas 11 e 12  do texto de Rodrigo Bretas.

                  39.            Já ao historiador José Pedro Xavier da Veiga, mineiro de Campanha, deve-se sempre muito, pelo zelo com o qual recolheu (através de pesquisas empreendidas por seu irmão Lourenço Xavier da Veiga nas bibliotecas do Rio de Janeiro) e divulgou a biografia do Aleijadinho. No seu breve O Aleijadinho (Esboço Biográfico), texto que precedeu o trabalho de Ferreira Bretas na edição da Revista do Arquivo Público Mineiro, José Pedro redigia de forma muito consciente suas opiniões sobre o  valor do escultor:

                  40.                                                  [...] Quem há aí, na verdade, em toda a vastidão do território mineiro, que não tenha ouvido falar do 'Aleijadinho', o grande artista que delineou e esculpiu esplêndidos e extraordinários trabalhos em muitos dos antigos e melhores templos da nossa terra, que pode orgulhar-se, e orgulhar-se efetivamente, de ter-lhe sido berço ?... (VEIGA, 1896: 161)

                  41.            Francisco Aurélio de Figueiredo (1854-1916) atuou em Minas por alguns meses naquele ano de 1893, retornando a Ouro Preto em 1894. Deixou obras pictóricas importantes de cunho histórico, quando desenvolveu, em especial, a composição da figura de Tiradentes - já abordada por ele em 1884 - , feito agora herói-símbolo da República que se estabelecera pelo golpe militar de 15 de novembro de 1889 [Figura 8]. O pintor também realizou, com esmero e categoria, pintura da paisagem urbana de Ouro Preto, destacando-se alguns expressivos registros. Durante sua permanência em Ouro Preto, dedicou-se ainda a atender a clientela de retratos, que lhe demandava este específico gênero.

                  42.            Francisco Aurélio enviou para o Jornal do Commercio, com o título de Impressões de Viagem, suas observações sobre muitos aspectos da antiga Vila Rica que acabava de conhecer. Especificamente sobre o Aleijadinho, de quem aqui tratamos, diante de suas obras mestres pertencentes à Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, escreveu:

                  43.                                                  [...] a mais completa igreja de Ouro Preto é sem contestação a igreja de S. Francisco de Assis, em cujo pórtico há um alto relevo talhado em “pedra-sabão” - rocha mineira de um tom acinzentado (talco) e facílima de ser cinzelada.

                  44.                                                  Esse alto relevo [...] é um trabalho artístico que honra sobremodo a arte mineira do século passado. É atribuído à um certo 'aleijadinho' artista mineiro do século passado, sobre o qual constam diversas lendas [...]

                  45.                                                  Há ainda na sacristia da mesma igreja outro trabalho de escultura, devido ao cinzel do Aleijadinho; é um lavatório, sem assunto definido, mas, circundado de anjos, flores, peixes e frutos, trabalho igualmente admirável, sobretudo tratando-se de um artista nacional, desconhecido e ainda em cima aleijado!

                  46.                                                  Em outro país esse notável artista teria uma estátua levantada na praça pública, como as tem Ghiberti e que é não muito superior ao nosso Aleijadinho.

                  47.                                                  E quase todas as igrejas de Ouro Preto e muitas de outras cidades do grande Estado de Minas estão cheias de trabalhos que atestam o talento e a fecundidade desse talentoso artista que teria sido um Celliris ou um Donatello, se houvesse nascido na pátria de Miguel Ângelo, e que entretanto passa completamente ignorado na terra que deveria orgulhar-se de ter-lhe sido o berço! (MINAS GERAIS, 16/05/1893: 4)

                  48.            É interessante perceber através da leitura que hoje fazemos destas impressões de Francisco Aurélio como se colocavam os artistas - profissionais formados pela antiga Academia Imperial das Belas Artes, com a obrigatória passagem complementar em academias de Paris e da Itália - diante da obra tão especial e elevada do desconhecido mineiro Francisco Lisboa. Surpreendem-se. As  referências de Aurélio são todas européias, da Renascença italiana, mas sabe-se, todavia, diante de um verdadeiro artista brasileiro, que não podia permanecer na obscuridade.

                  49.            De uma penumbra de lendas e acontecimentos antigos, dos feitos e episódios verbalmente transmitidos por gerações, surgia, pouco a pouco, a figura consistente do Aleijadinho. Notava-se já a qualidade de suas criações espalhadas por inúmeras cidades mineiras. Na seqüência, estes trabalhos seriam confrontados com documentos de arquivos, para se estabelecer o volume de sua produção ao longo dos anos, sua marcante operosidade, e o roteiro de sua peregrinação artística. Revelaria-se com melhor nitidez a sua história pessoal, tão permeada de mistérios. Ainda hoje.

                  50.            Avançando um pouco no tempo, apenas para dar compreensão ao desenrolar da história: se em 1888, em sua A Arte Brasileira, Gonzaga Duque deixou de mencionar o nome de Aleijadinho ou de outro artista de Minas, já em 1908, vinte anos depois, em discurso pronunciado por ocasião da Exposição Nacional no Rio de Janeiro, na secção de Belas Artes, realizou o historiador e crítico carioca o comentário seguinte, ao delinear as bases, as influências e a evolução de nossa Arte Brasileira:

                  51.                                                  [...] a profissão das belas-artes no Brasil começou por ser um ofício de escravos e libertos.[...] liberto foi o nosso primeiro escultor, o mestre Valentim, de celebrada fama, e sangue de liberto corria nas veias do extraordinário Antônio Lisboa, o escultor sem dedos, cognominado o aleijadinho, a quem o Sr. Arthur Azevedo chamou “poeta imortal da pedra azul”, por ser nesse plástico mineral das Minas Gerais que o casmurro, irritadiço decorador das igrejas mineiras genialmente e comumente trabalhou. (DUQUE, 1929: 248-249)

                  52.            O escritor Arthur Azevedo, por sua vez, sempre se mostrou interessado em conhecer e estudar a arte mineira, seja aquela dos pintores seus contemporâneos, seja a dos mestres de períodos anteriores, dedicando especial atenção ao Aleijadinho.

A cidade adormecida

                  53.            Resumidamente foram esses, portanto, alguns dos que antecederam Henrique Bernardelli, o qual em abril de 1898 veio integrar-se ao grupo que podemos chamar de pioneiros. Na verdade, esses foram os artistas que tomaram os primeiros trens para Minas.

                  54.            Constatamos ser a última década do século XIX um período importante para a cultura mineira, onde se pode perceber, apesar de todas as dificuldades, mostras de interesse pela preservação dos bens artísticos e pelos estudos históricos do acervo referente ao período colonial. Como significativo exemplo, em 11 de julho de 1895, através da Lei nº 126, dá-se a criação e a organização em Ouro Preto do Arquivo Publico Mineiro, sendo seu primeiro diretor o incansável José Pedro Xavier da Veiga. Houve então a iniciativa de se reimprimir na Revista do Arquivo Público Mineiro, em 1896, a antiga biografia de Aleijadinho escrita por Rodrigo Bretas, trabalho este que, chegando às mãos de Henrique Bernardelli, suscitou os mencionados comentários manuscritos, aos quais deu publicidade Celita Vaccani em seu estudo.

                  55.            Removida a dúvida quanto à época em que Henrique Bernardelli esteve em Minas, cabe acrescentar que, no que diz respeito especificamente à cidade de Ouro Preto, o momento da visita do pintor - abril de 1898 - é um tempo de contundente impasse e contradição. Se no início dos anos 1890, a cidade passara finalmente a contar com inúmeras melhorias - tais como, o ramal ferroviário (ainda uma obra do Império, inaugurada em 1889 por dom Pedro II) ligando o tronco da agora chamada Central do Brasil, calçamento de ruas, iluminação elétrica, água encanada, o efêmero serviço de bonde iniciado na década anterior; a criação e funcionamento de colégios e ginásios, o Liceu de Artes e Ofícios, a nova Escola Livre de Direito, o já mencionado Arquivo Público Mineiro, a Imprensa Oficial; a realização mais a miúdo de exposições, concertos, encenações, temporadas líricas no Teatro; e, enfim, a crescente freqüência de artistas, professores, escritores e de políticos de considerável projeção nacional - , mesmo com todos estes benefícios, subitamente, Ouro Preto sofreria um processo severo de abandono, a partir de 12 de dezembro de 1897, quando definitivamente perdeu a condição de capital do Estado de Minas.

                  56.            Como conseqüência, forçosa situação, todos os funcionários e um grande número de profissionais liberais, juntamente com suas famílias, deixaram a cidade e mudaram-se para Belo Horizonte.  As notas de jornal que faremos repetir aqui (duas dentre muitas do mesmo feitio), foram publicadas em Ouro Preto no Minas Gerais, respectivamente, em 19 de dezembro de 1897, e em 11 de janeiro de 1898,  -  datas que antecedem apenas um pouco a visita de Henrique Bernardelli - e servem como um pequeno exemplo da fuga que se empreendeu, naquele momento, em direção à nova capital:

*

                  57.            ADVOCACIA

                  58.            O dr. Levindo Ferreira Lopes

                  59.            mudou seu escriptorio para o

                  60.            Bello Horizonte, Capital do Estado.

*

                  61.            DESPEDIDA

                  62.            A todos os meus amigos dos municipios de Ouro Preto e Marianna communico que nesta data transfiro minha residencia para Bello Horizonte, capital de Minas, e despedindo-me de todos por este meio, visto não me ter sido possivel fazel-o pessoalmente, offereço-lhes meus prestimos naquella cidade.

                  63.            Ouro Preto, 9 de janeiro de 1898 -  Martinho  Alexandre de Macedo.

Conclusão

                  64.            Pairou uma certa tristeza na cidade de Ouro Preto. E muito isolamento. Algumas instituições, irmandades, entidades, agora esvaziadas e em pouco tempo empobrecidas, passaram a viver um período de dificuldades. Pode-se fazer uma ideia de como andava o ânimo dos ouro-pretanos naqueles dias, quando da visita de Bernardelli.

                  65.            O pintor resgataria, de alguma forma - com seu especial interesse focado na grandeza do seu eleito Aleijadinho - , dignidade e relevância a tudo que estava erigido na cidade desde os séculos anteriores. Exatamente quando o comportamento de muitos foi o de abandonar ao esquecimento e à ação do tempo todas aquelas “velharias” de uma capital inviável, de construções arruinadas e edifícios ultrapassados - evidências de imensos problemas urbanos que se avolumaram, e que em nada favoreceram a sua permanência como centro do poder do Estado no venturoso século que se aproximava. E neste cabo de força, estava bem firme do lado oposto da corda esticada, já o pensamento dos chamados mudancistas em ostentar a máxima que Minas Gerais agora possuía a mais moderna capital do país - a novíssima cidade de Minas - erguida com determinação e com vistas no belo horizonte do futuro. Novos ares, nova arquitetura, uma nova vida que se projetava em direção ao século Vinte.

                  66.            Antes de adormecer, todavia, a cidade de Ouro Preto contou com o registro do artista completo que foi Henrique Bernardelli - artista que soube olhar, com olhos sensíveis de conhecedor, para o passado de Minas. Convém lembrar, como o fez oportunamente Celita Vaccani, as palavras que o pintor deixou anotadas, à margem da derradeira frase do texto de Rodrigo José Ferreira Bretas, referindo-se a tudo que acabava de ler sobre o Aleijadinho e à fascinante obra que o arrebatara:

                  67.                                                  O meu profundo respeito e admiração. Mando aos pósteros o meu tributo ao gênio.

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[1] Catálogo dos Quadros de Henrique Bernardelli - Exposição de 1886. Contribuição de Camila Dazzi, fotografias de Arthur Valle Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/catalogos/catalogo_hb1886.htm>. Acesso em: 26/06/2009.

[2] Sobre as críticas mencionadas, consultar DUQUE, Gonzaga. Exposição de N. Facchinetti e Henrique Bernardelli. In: Impressões de um amador: textos esparsos de crítica (1882-1909). Org. por Júlio Castañon Guimarães e Vera Lins. Belo Horizonte: Editora UFMG/Fundação Casa Rui Barbosa, 2001, pp. 136-145.

[3] Sobre o tema dos Bandeirantes por H. Bernardelli, consultar CHRISTO, Maraliz de Castro Vieira. Bandeirantes ao Chão. Revista de Estudos Brasileiros, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, vol. 30 (Arte e História), 2002, pp.33-55. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/330.pdf>. Acesso em: 26/06/2009. Sobre a formação do pintor na Itália, sua produção e retorno ao Brasil, consultar DAZZI, Camila. DAZZI, Camila. Revendo Henrique Bernardelli. 19&20, Rio de Janeiro, v. II, no 1, jan. 2007.  Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/artistas/biografia_hbernardelli.htm>. Acesso em: 26/06/2009.