Programas das disciplinas práticas do Curso de Pintura da Escola Nacional de Belas Artes durante a 1a República
contribuição de Arthur Valle
Apresentamos a seguir a transcrição de uma série de programas de ensino referentes às quatro principais disciplinas “practicas” do curso de Pintura da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) durante a 1a República: Desenho figurado, Desenho de modelo vivo, Anatomia/Fisiologia Artística e Pintura. Esses programas são assinados pelos principais mestres atuantes na instituição durante o período e, em diversos casos, deixam transparecer com clareza os credos e as concepções artísticas de seus autores. A compilação aqui reproduzida está baseada sobretudo em uma pesquisa feita em documentos avulsos do Museu Dom João VI da EBA/UFRJ e foi apesentada pela primeira vez em nossa Tese de Doutorado, A pintura da Escola Nacional de Belas Artes na 1a República (1890-1930): Da formação do artista aos seus Modos estilísticos. Rio de Janeiro: UFRJ/EBA/PPGAV, 2007. xxv, 446 f., II vol.: il. Texto Disponível no site: http://www.dezenovevinte.net/
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Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 179.
Programa para a aula de Dezenho Figurado da Escola Nacional de Bellas Artes
Todo discípulo que entrar para a aula de dezenho é obrigado á fazer um trabalho de prova, e conforme o trabalho que apresentar, entrará nas seguintes classes:
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1º anno |
1. desenho linear e figuras geometricas 2. desenho de folhas e ornamentos, copias de phototypias 3. as mesmas folhas e ornamentos formadas do natural e reproduzidas em gesso 4. modellos em gesso apresentando bocca, nariz, olhos, orelhas, etc. |
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2º anno |
5. partes de extremidades mãos, pés, etc., formados em gesso do natural 6. mascaras troncos, braços, pernas, formados do natural 7. bustos, cabeças, troncos de originaes antigos |
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3 anno |
8. figuras antigas em tamanho natural (conforme o espaço que houver na sala de dezenho) 9. retratos em tamanho natural, modello vivo |
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Para estes estudos é absolutamente necessário que as salas sejão illuminadas com uma luz de 45 gráus
Capital federal, 8 de junho de 1891
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 4076.
Programma da aula de Desenho Figurado
Primeira serie.
Copia do antigo (gesso), folhas, bustos, ornatos, troncos, estatuas. Noções de proporção da figura humana, cabeças, mãos, pés, copiados do modelo-vivo.
Segunda serie.
Noções de proporções da figura humana. Copia do modelo-vivo; troncos, fragmentos de figura.
Terceira serie.
Construcção da figura humana (academia).
Os alumnos serão obrigados a apresentar no primeiro anno um mínimo de 3 trabalhos, e no 2º e 3º, 2 por mez.
Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 1920.
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 4859
Programma para a cadeira de desenho figurado a cargo do prof. M. Brocos
1º anno
Enquanto os alumnos entratem sem nenhuma noção de desenho serão dados nos quatro primeiros mezes: o caixão, solidos geometricos, e objectos usuaes; para os quatro mezes restantes, baixos relevos, mascaras e bustos, segundo o progresso de cada alumno.
2º anno
Para os quatro primeiros mezes: pernas, braços, troncos e modelos de ornatos; e para os quatro restantes, estátuas.
3º anno
Para os quatro primeiros mezes estatuas; para os mezes restantes estátuas, e agrupamentos de gessos.
Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1921
Approvado na sessão da Congregação de 1 de março de 1921
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 4859.
Exmo. Sr. Director da Escola N. de Bellas Artes
Em obediencia ás disposições regulamentares, venho apresentar o programma da aula de desenho figurado a meu cargo. Esta aula base do estudos que se fazem na Escola, deveria ser feita tendo-se submetido os alumnos a uma prova de desenho no exame vestibular para conhecer de antemão si reunem realmente disposições para emprehender as diversas disciplinas que aqui se ensinam. O programma para essa cadeira será dividido em quatro partes do seguinte modo:
Primeira parte:
Esta primeira parte occupar-se-á com os alumnos da primeira serie que, enquanto ingressarem sem ter noção alguma de desenho, nos trez primeiros mezes de aula começarão por desenhar solidos geometricos, objectos usuaes, folhas de gesso e ornatos simples, afim de verificar as disposições de cada alumno. Para os quatro mezes restantes, serão dados bustos ate troncos de figuras segundo o progresso de cada alumno.
Segunda parte:
Occupar-se-á com os alumnos da segunda serie, estes durante os trez primeiros mezes desenharão bustos, troncos e ornatos e nos quatro seguintes, troncos e estatuas.
Terceira parte:
Occupar-se-á com os alumnos da terceira [Verso] serie que, durante os trez primeiros mezes desenharão estatuas, e os quatro restantes estatuas, grupos de gessos e perspectiva practica.
Quarta parte:
Para avaliar dos progressos dos alumnos e dar as notas mensaes com um justo critério, as trez series desenharão no ultimo dia de cada mez, na quarta parte da folha Ingres, um croquis em trez horas, de um dos modelos executados durante o mesmo mez.
Rio de Janeiro, 21 de fevereiro de 1929
Prof. Modesto Brocos
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 180.
Programma da aula de Modelo-vivo para 1891
Sr. Director
Pouco tenho que expor a vossa consideração quanto ao programma da cadeira de Modelo-Vivo de que me acho interinamente encarregado.
Esta aula que deve ser feita de noite e destinada aos alumnos já approvados em desenho figurado, e aos que frequentam as de pintura e esculptura, concretizando-se especialmente ao estudio do nu, não comporta programma propriamente dito; apezar disso, pode-se lhe dar maior desenvolvimento addicionando ao processo de desenho á fusain e lapiz usados até aqui os de desenho á penna, pastel, guache, aquarella, bem como os de pintura a oleo e modelagem.
Julgo também imprescindível que, cumulativamente ao estudo de nú, dever-se-ha fazer o de roupagens, e para isso opino pelos estudo dessa materia durante uma semanna por mez, e peço-vos de fazer acquisição de trages que sirvam á este fim.
Relativamnte ao methodo de ensino penso ser do dever do professor guiar o alumno segundo seu temperamento, não limitando-se á dirigir-lhe a mão com se tem feito até agora, mas sim a inteligencia
Modesto Brocos y Gomes
Ver também: Acta da secção do Conselho Escolar em 4 de junho de 1891. Presidência do Sr. Rodolpho Bernardelli
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 5341.
[Folha 1 recto] Ilmo. Sr. Director Interino da Escola Nacional de Bellas Artes
Proposta de Programma
para a aula de Modelo-vivo da mesma Escola apresentada pelo professo interino da referida aula - João Zeferino da Costa
O estudo do desenho de - modelo-vivo - tendo por fim principal o aperfeiçoamento das proporções das partes e do conconjuncto, do movimento, do caracter da linha e da justa divisão e distribuição do claro-escuro com todos seus accidentes de uma figura núa – conseguintemente - só o desenho -, entende que esse desenvolvimento de que trata o programma já feito para essa aula e impresso no - regulamento especial para os cursos technicos e concursos escolares - da mesma escola, addicionando ao processo commum de desenhar á carvão e á lápis, aquelles outros coloridos á pastel, guache, acquarella e óleo, longe de sêr proveitoso á aprendizagem do alumno, é, pelo contrario, mais uma preocupação que prejudica o fim principal de que venho de expor - só o desenho -
Esses processos coloridos são mais próprios para um Curso especial de - Costumes -
Quanto ao estudo de roupagem, cumulativamente ao nú, durante uma semana por mez, estou de accôrdo, mudando-se porem o termo - roupagem - para - pannejamento -
Para o Concurso, entendo que 15 – sessões, [Folha 1 verso] ainda com prazo prorogavel de mais 3 sessões é muito.
Assim, proponho o seguinte - Programma:
1º Os alumnos serão divididos em duas turmas.
2º Os alumnos da 2ª turma que são os principiantes, mas que já tenham cursado a aula de - desenho figurado -, a de perspectiva e algumas noções de - anatomia - com aproveitamento bastante, ou que por uma prova prévia se mostrem habilitados para passarem ao estudo de modelo-vivo, serão obrigados a desenhar o modelo só por meio de linhas, isto é: - marcação do movimento com as devidas proporções das partes e conjuncto, ate conseguir marcar também a divisão do claro-escuro e habilitarem-se a passar para a - 1ª turma -
3º - Os alumnos da 1ª turma continuarão seus estudos aperfeiçoando-se em tudo quanto aprenderam na 2ª e entrarão no estudo de modelagem do - Claro-escuro com todos seus accidentes, podendo então cada um, e só depois de ter bastante pratica da technica do desenho, adoptar o processo e maneira de desenhar que entender mais próprios ao seu Caracter individual.
4º - Ambas as turmas estudarão tambem cumulativamente ao nú, uma vez cada mez, uma figura com partido de pannejamento que não domine a importancia do nú.
5º - Os concursos durante o anno escolar serão em numero de quatro: sendo os três primeiros de emulação e o 4º o intitulado - Ultima prova do anno; distribuidos da seguinte forma:
1º De emulação, no acto de abertura da Aula, isto é em principio de abril.
2º De emulação, no fim de junho.
3º De emulação, no fim de setembro.
[Folha 2 recto] 4º Ultima prova do anno, que terminará á 14 de novembro.
6º Para cada estudo durante o curso do anno, terão os alumnos de 6 á 10 sessões de modelo, conforme a posição do modelo e á juizo do Professor;
Para cada um dos 3 concursos de emulação terão 10 sessões;
Para o 4º concurso - Ultima proa do anno, terão 12 sessões e o trabalho será executado no mesmo formato de papel em que se trabalha durante o anno.
Rio de Janeiro, 14 de março de 1900
O prof. int. Jº Zeferino da Costa
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 4971.
Programma da aula de modelo-vivo
Constará este curso de 3 provas estudadas alternadamente, a saber:
1ª Exercícios expontaneos de modelo vivo em attitude de movimento, desenhados em ¼ de papel “Ingres”
2ª Marcação de modelo-vivo executado em uma só sessão, em uma folha de papel “Ingres”.
3ª Estudo mais detalhado de modelo, executado com o claro escuro e respectivos valores, numa folha de papel “Ingres” em 6 sessões.
Rio de Janeiro, 23 de maio de 1932
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 6154.
Actas das sessões do Conselho Escolar
[2 verso] Acta da secção do Conselho Escolar em 8 de junho de 1891 (em continuação)
Presidencia do Sr. Rodolpho Bernardelli
Anatomia e physiologia das paixões
Anatomia descriptiva – Anthropologia
Comprehende o estudo dos ossos (osteologia), dos ligamentos (...logia), dos músculos (myologia), da pelle, tecido sub-cutaneo e vasos superficiaes.
Morphologia ... estudo das formas, ou estudos dos movimentos e da forma.
Em ultimo lugar a physiologia da expressão ou das paixões e desenho anatomico.
O meo curso terá lugar duas vezes por semana, nas 2as e ... do meio dia a 1 hora.
Rio - 11 de junho de 1891
(assignado) Dr. Azevedo Macedo
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 2024.
[Folha 1 recto] Escola Nacional de Bellas Artes
Programma da Cadeira de Anatomia e Physiologia Artísticas
1. Conceito de anatomia-physiologia artística. Methodos adoptados para o estudo da matéria. Doutrina dos autores destacadamente Mathias Duval, Paul Richer, Lutz, Dunlop e Zeferino da Costa.
2. Aspecto e fórma da figura humana. Nomenclatura das regiões. Elementos constitutivos. Attitude normal e attitude convencional.
3. Eixos do corpo humano. Condições de equilibrio. Regras schematicas.
4. Esqueleto humano. Sua importância mecânica e morphologica. Pontos de referencia, ósseos, subcutâneos.
6. Articulações em geral. Sua influencia na morphologia humana.
7. Systema muscular voluntário. Morphologia das peças musculares e sua importancia em arte.
8. Membros thoracicos. Omoplata. Clavicula. Articulações. Effeitos na morphologia externa.
9. Membros thoracicos. Humero. Radio. Cúbito. Articulações. Effeitos na morphologia externa.
10. Membros thoracicos. Ossos do punho e da mão. Articulações. Effeitos na morphologia externa.
11. Membros thoracicos. Musculos anteriores do braço. Physiologia. Morphologia.
12. Membros thoracicos. Musculos posteriores do braço. Physiologia. Morphologia.
13. Membros thoracicos. Musculos antero-laterais do antebraço. Physiologia. Morphologia.
[Folha 1 verso] 14. Musculos posteriores do antebraço. Physiologia. Morphologia.
15. Musculos da mão. Physiologia. Morphologia.
16. Membros thoracicos. Fórma exterior. Eixos. Proporções. Physiologia geral.
17. Membros abdominais. Osso iliaco. Articulações.
18. Membros abdominais. Femur. Rotula. Articulações. Morphologia.
19. Membros abdominais. Tibia. Peroneo. Articulações. Morphologia.
20. Membros abdominais. Torso. Articulações. Effeitos morphologicos.
21. Membros abdominais. Metatarso. Phalanges. Articulações. Effeitos morphologicos.
22. Membros abdominais. Musculos anteriores da côxa. Physiologia. Morphologia.
23. Membros abdominais. Musculos posteriores da côxa. Physiologia. Morphologia.
24. Membros abdominais. Musculos lateraes internos da côxa. Physiologia. Morphologia.
25. Membros abdominais. Musculos antero-lateraes da perna. Physiologia. Morphologia.
26. Membros abdominais. Musculos posteriores da perna. Physiologia. Morphologia.
27. Membros abdominais. Musculos do pé. Physiologia. Morphologia.
28. Membros abdominais. Fórma exterior. Eixos. Proporções. Physiologia geral.
29. Torso. Coluna vertebral em detalhe. Eixos. Articulações.
30. Torso. Coluna vertebral em conjuncto. Eixos. Articulações.
31. Torso. Esterno. Costelas. Articulações.
[Folha 2 recto] 32. Torso. Thorax em conjuncto. Morphologia.
33. Torso. Sacro. Cocyx. Pelvis. Articulações.
34. Torso. Bacia em conjuncto. Articulações. [...] ias morphologicas. Differenciações.
35. Torso. Musculos antero superiores. Physiologia. Morphologia.
36. Torso. Musculos antero inferiores. Physiologia. Morphologia.
37. Torso. Musculos postero superiores. Physiologia. Morphologia.
38. Torso. Musculos postero inferiores. Physiologia. Morphologia.
39. Torso. Musculos do pescoço. Osso [...]. Laringe. Morphologia..
40. Torso. Formas antero externa e lateraes. Eixos. Proporções.
41. Torso. Formas postero-externa. Eixos. Proporções.
42. Cabeça. Craneo. Osteologia. Suturas. Fórmas.
43. Cabeça. Face. Osteologia. Articulações.
44. Cabeça. Musculos do movimento. Physiologia.
45. Cabeça. Musculos da expressão. Effeitos exteriores.
46. Cabeça. Fórma exterior. Variações. Angulo facial. Proporções.
47. Cabeça. Physiologia geral.
48. Cabeça. Expressão da emoções. Schema de Superville. Physionomia. Phisiognomomia.
49. Analise das expressões e sua significação em arte. Duchene de Boulogne, Darwin, de Rochas, Silva Araújo. A mímica.
50. Interpretações artísticas das expressões. Anomalias. Expressões concentricas e excentricas.
51. Caracteres differenciaes dos tipos pelo sexo.
52. Caracteres differenciaes dos tipos pela edade.
53. Caracteres differenciaes dos tipos pelas raças. As tentativas de classificação.
54. Proporçoes do corpo humano. Canones classicos.
[Folha 2 verso] 55. Proporçoes do tipo humano. Tipo normal. Tipo ideal ou heroico. Canones de Fitsch, Paul Richer, Lutz, Dunlop e Zeferino da Costa.
56. Attitudes do corpo humano. Estação de pé. Apoio perfeito. Apoio unilateral.
57. Attitudes do corpo humano. Estação deitada, sentada, acocorada, genuflexa.
58. Attitudes do corpo humano. Locomoção. Passo. Jogo do membros thoracicos abdominaes na marcha em plano horizontal.
59. Attitudes do corpo humano. Locomoção. Ascenção. Descida. Corrida. Salto. Phases caracteristicas.
60. Anatomia comparada. Dados Geraes.
61. O cavallo. Aspecto. Fórma. Nomenclatura das regiões. Osteologia e sua influencia morphologica.
62. Cabeça do cavallo. Osteologia. Morphologia. Systema muscular.
63. Cabeça do cavallo. Ossos e musculos. Morphologia.
64. Torso do cavallo. Ossos e musculos. Morphologia.
65. Membros anteriores do cavallo.
66. Membros posteriores do cavallo.
67. Exterior do cavallo. Eixos. Equilíbrio. Proporções. Canones de Burgelat, Du[...]sset e [...]stead.
68. Attitudes do cavallo. Estação. Locomoção. Marcha. Corrida. Galope. Salto.
69. Differenciação de edade e de raça do cavallo. Escola Ingleza. Escola franco-germanica.
70. Anatomia comparada. Ruminantes. Especialmente o touro.
71. Anatomia comparada. Felinos, especialmente o leão e o tigre.
72. Anatomia comparada. O cão. Dados geraes.
73. Anatomia comparada. A aguia. Detalhes sobre as asas. Attitudes. Estudos práticos de todos os pontos por meio de schemas ou de composições segundo o modelo vivo.
Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1923 - Raul Pederneiras.
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 4996.
Programma para a aula de pintura da Escola Nacional de Bellas-Artes
Em pintura não ha maior difficuldade que a figura humana, e o artista que toma a si a responsabilidade de guiar os jovens artistas deverá continuamente observar que não se desviem d’esse fim: a figura humana; porque neste estudo encerrão-se todas as manifestações da pintura.
Possuindo o jovem artista profundamente tal conhecimento poderá facilmente entregar-se á especialidade á que mais o seu temperamento seja propenso, visto que para o estudo da figura humana é neceçario contemporaneamente todos os estudos especialmente a paysagem com a figura e a figura com a paysagem.
Por isso formulei um plano d’estudo pelo qual o estudante nunca poderá desviar-se d’este verdadeiro principio.
Os estudos d’esta aula serão feitos unicamente com tintas á oleo.
1º anno Pintarão: gessos moldados do natural, panejamentos, flores e fructas.
2º anno Cabeças de modello-vivo em luz de interno e ao ar livre e estudos de paysagem bem apurados.
3º anno pintar ao interno e ao ar livre uma figura ao tamanho natural nua e vestida.
[verso] Capital Federal
4 de junho de 1891 (assignado)
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 4750.
Escola Nacional de Bellas-Artes
Capital Federal, 16 de março de 1896
“Programma da aula de pintura”
1º anno estudos de natureza mortas, gessos moldados do natural, panejamentos, frutas e flores
2º anno cabeças e troncos de modello vivo estudados dentro e fóra do atelier. Estudo de paisagem simplesmente e com figuras.
Nota estes estudos serão feitos com pintura à Cêra
3º anno estudos de figura completa dentro e fóra do atelier, nuas e vestidas. Aplicações praticas dos differentes processos materiaes das pinturas a gomma, a colla, a ovo, e a óleo.
Esbocetos de composição.
Profsor. Rodolpho Amoêdo
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 4794.
Programma do Curso de Pintura do Profsor Rodolpho Amoêdo
O curso de Pintura será dividido em trez series ou turmas, segundo o gráu de adiantamento dos alumnos, a saber:
1ª série natureza morta, constando de gessos antigos e moldados do natural, grupados com objectos de uso, estofos e roupagens, fructas e flôres
2ª série estudos de modello-vivo, cabeças em tamanho natural com estudos de expressão, e academias em pequenas dimensões. Esbocetos de composição de quadros e ornamentações.
3ª série estudos de modello-vivo cabeças, troncos e academias, em metade do tamanho natural. Esbocetos de composição.
Na primeira e segunda series, os alumnos se exercitarão nos trez mais caracteristicos processos de pintura; á aquarella, tempera e óleo.
Na 3ª terceira serie, serão dadas noções praticas de envernizamento, limpeza e reparação de pinturas deterioradas.
Serão ainda indicados os meios mais faceis de verificação das tintas, collas, gomas, essências, oleos e vernizes, bem como os meios de reparar os acidentes diários, como sejam empollas, rasgões, soluções de continuidade e
[verso] outros.
Rio de Janeiro, 10 de abril de 1918
Profsor Rodolpho Amoêdo
Approvado unanimemente
Acervo Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 4839.
Programma do Curso de Pintura do Profsor Rodolpho Amoêdo
O curso de Pintura será dividido em trez series ou turmas, segundo o gráu de adiantamento dos alumnos, a saber:
1ª série, natureza morta, constando de gessos antigos ou moldados do natural, grupados com objectos de uso, estofos, roupagens fructas e flores.
2ª série, estudos de modelo vivo, cabeças em tamanho natural com estudos de expressão, academias em pequenas dimensões.
Esbocetos de composições decorativas, comportando: ornatos de folhagens e fructas, tropheos, Panoplias, frontispícios, itercolunas, medalhões, sobreportas, etc.
N’estas duas primeiras series os alumnos se exercitarão nos trez mais caracteristicos processos de pintura á aquarella tempera e óleo.
3ª série estudos de modelo vivo, troncos e academias, em maiores dimensões. Esbocetos de composição de qua [verso] dros de assumptos mithologicos, Bíblicos ou Históricos.
Noções praticas sobre envernizamento, limpeza e reparação de pinturas deterioradas.
Serão ainda indicados os meios mais faceis de verificação das tintas, collas, gomas, resinas, essencias, oleos e vernizes, bem como as repararações de acidentes diários, como sejam; rasgões, empolas soluções de continuidade e
Escola Nacional de Bellas Artes
18 de fevereiro de 1920
Profsor Rodolpho Amoêdo