Considerações sobre História e Arte nos manuscritos de Porto-alegre

Paula Ferrari [1]

FERRARI, Paula. Considerações sobre História e Arte nos manuscritos de Porto-alegre. 19&20, Rio de Janeiro, v. IV, n.1, janeiro de 2009. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/criticas/mapa_pf.htm>. [Français] .

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Em muitos ramos dos conhecimentos humanos, artes e ciências são de tal modo entrelaçados, que não é possível fazer-se uma separação completa.

Francisco Cordeiro da Silva Torres O Auxiliador da Indústria Nacional, ano III, v.9, p.265-6, 1835

                     1.            A pesquisa histórica, hoje, inclui uma relação crítica com a percepção espaço-temporal de seu objeto, exigindo um refinamento metodológico que procura abarcar a subjetividade do objeto e do próprio historiador. Essa perspectiva é sentida através da retomada das discussões sobre narrativa e cientificidade da história, descobrindo na própria historiografia, por trás da discussão da possibilidade de uma verdade histórica, um limite teórico e metodológico determinado pela tríade espaço-tempo-subjetividade de cada historiador.

                     2.            O primeiro problema a ser enfrentado é sobre a própria Arte. A determinação sobre o que é um objeto artístico e o que é arte dentro da pesquisa histórica deve ser atenta a vários fatores sobre a própria definição do objeto da pesquisa da história da arte. O campo das artes sofre rupturas, permanências e releituras conforme a época, local e o caráter institucional da autoridade do discurso que determinam os seus elementos, tanto sobre o status do objeto artístico como sobre o conceito de Arte.

                     3.            Além da mudança dos traços pictóricos e composição visual, elementos como originalidade/imitação, contemplação do belo/funcionalidade, artífice/artista, o deslocamento de objetos fabricados pelo homem até o lugar considerado nobre como galerias e museus não são consensuais e necessitam de uma averiguação da época e local onde essas construções são feitas. Pensadas desta forma, a criação de várias instituições de saber no Brasil durante a primeira metade de século dezenove são significativas para se compreender a formação do Estado Nacional brasileiro e sua relação com o campo cultural e artístico.

                     4.            A escrita da história, e neste caso da história da arte, pode ser considerada uma autoridade institucional, pressupondo a observação do tempo, do espaço e a autoridade que está produzindo o discurso histórico. Dentro do movimento romântico, notadamente, a arte ganha importante função de civilizadora, pelos sentimentos que sua experiência pode despertar e desenvolver como a civilidade, patriotismo, costumes e será aliada ao ideal de história como mestra da vida, no caso do Brasil oitocentista.

                     5.            A monarquia brasileira, segundo Líria Moritz Schwarcz, em As Barbas do Imperador, seguiu um trajeto original combinando a tradição européia ao ambiente singular da ex-colonia: “[...] uma cultura que se construiu com base em empréstimos ininterruptos, os quais, no entanto, incorporou, adaptou e redefiniu ao justapor elementos externos a um contexto novo”. Durante o século XIX, houve um amplo debate sobre como se deveria construir o recente Estado-Nação brasileiro, geográfica, histórica, cultural e politicamente, e sobre quais aspectos definiriam de forma inequívoca a expressão de uma identidade local intransferível.

                     6.            A pesquisa relativa a Manuel de Araújo Porto-alegre (1806-1879)[2] visa a sua produção historiográfica, tentando compreender a relação entre arte e história, assim como a possibilidade de um campo emergente de história da arte brasileira nesse período. O presente artigo busca perceber a influência da Academia Imperial das Belas Artes na conformação de pressupostos culturais que possam trazer chaves de compreensão a seus escritos.

                     7.            Consideramos importante traçar a trajetória intelectual de Porto-alegre, observando leituras, relações pessoais e locais que manteve contato dentro do recorte cronológico adotado, da sua entrada na Academia Imperial de Belas Artes (1826) até o ano em que parte para a Europa em carreira diplomática (1860). A trajetória serve nesta pesquisa como parâmetro para compreender suas escolhas e preocupações, tornando-se ora um paradigma indiciário de leituras necessárias para o desenvolvimento da pesquisa, ora como baliza para a crítica dos manuscritos.

                     8.            Essa metodologia nos permite aprender a ler como certas questões são abordadas por Porto-alegre. A proposta de vasculhar a formação de Manuel de Araújo Porto-alegre busca traçar um panorama do que é possível e, talvez mais essencial, o que não é possível extrair dos seus manuscritos.

                     9.            Além de ter sido inspirada na Académie Royale Peinture et Sculpture da França, a Academia Imperial de Belas Artes, segundo Castro, também teve grande influência de Winckelmann[3]. Para este arqueólogo do século XVIII a arte teria uma dupla função: agradar e instruir, inspirando nos espectadores sentimentos e comportamentos civilizados, buscando elevar o espírito para atingir a bela alma. A pintura de história, os monumentos, o cuidado com a produção de símbolos do século XIX em parte teria sua justificativa pelo seu caráter de narrativa visual com caráter pedagógico da História e da Arte, no caso de Porto-alegre a questão pode ser compreendida como um desdobramento da importância da arte e seu entrelaçamento com a História.

                  10.            A arte para ele possui dois pontos de permanência importantes pela universalidade que sua linguagem das formas pode atingir e pela duração da idéia materializada. Sendo o desenho a base essencial dessa linguagem, o pintor o coloca como uma escrita universal que vence a diferença entre o viajante e os lugares, desvela o sudário do tempo que se interpõe entre o homem de hoje e o antigo sacerdote. Nessa orientação a arte se torna um registro que é capaz de vencer o prisma do tempo

                  11.                                                  [...] que decompõe a tradição e translus toda sorte de enganos [...] todas as memorias monumentaes levantadas á divindade, ao homem ou aos fastos nacionaes, são conservadas e transportadas por esta terceira forma do pensamento, sem comentarios, hypotheses, conjecturas, ou o socorro de algum systema engenhoso, que mais abrilhanta a sagacidade do seu inventor do que esclarece a verdade.(PORTO-ALEGRE, 1855)

                  12.            A obra de arte, conservando em sua matéria vários conhecimentos, tecnológico, estético, cultural, que são necessários para a sua confecção, encerra em si um arquivo para se compreender o universo onde foi gerado revelando-se um termômetro de sua sociedade. O gênio, a inspiração do artista para ele não são suficientes, é necessário também o conhecimento técnico e erudição[4] para que seja desenvolvida uma arte superior capaz de condensar em si todo o conhecimento acumulado até sua época. Esta educação não se restringiria só ao artista, mas a toda a sociedade, dos que se utilizam deste conhecimento para produzir, domar a natureza bruta, aos que usufruem dessa produção; pois para se apreciar e compreender a profundidade do Belo também são necessários treino e educação.

                  13.            Nesses termos a Reforma da Academia é indispensável na história da nação, segundo Porto Alegre. Sua produção salvaria os homens finados e presentes do esquecimento e também elevaria o futuro, numa prova material da civilização brasileira.

                  14.                                                  Passemos, pois a considerar o desenho como elemento civilizador, como termômetro social, e como base de seguro desenvolvimento nas obras do homem, que pertencendo ao domínio da imaginação criadora por meio das formas.Os espíritos vulgares o consideram como uma arte de luxo, porém os homens que pensam, as inteligências superiores, o encaram como uma necessidade para a civilização.(PORTO-ALEGRE, 1855)

                  15.            A arte sempre é tratada de forma elogiosa, motor da civilização tanto no aspecto material quanto ontológico. Os traços de sua formação na Academia podem ser apreendidos no seu estilo de escrita e em várias outras preocupações que não pretendemos esgotar aqui. Nos seus textos encontramos em várias passagens momentos descritivos, organizados com a fluência de quem domina a narrativa formal e organização pictórica, e também podemos considerar ainda enunciações valorativas que podem perder a sua profundidade e coerência se perdermos de vista a trajetória da Academia tanto nos seus aspectos teóricos quanto o seu cotidiano.

                  16.            Uma das questões é sobre a natureza. Sabemos que apesar de a natureza americana ser apontada como cor local, a necessidade de inserir-se na História da humanidade e a tradição acadêmica da hierarquia de gêneros de pintura[5] tornam o assunto complexo dentro dos seus manuscritos.

                  17.            Segundo Chiarelli, até o final da década de 1870, a Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro formou artistas que produziram pinturas de paisagens, mas esses trabalhos eram esporádicos e guardavam os princípios estruturais do paisagismo acadêmico mais convencional sem constituir uma escola de paisagem com características próprias ou locais. (CHIARELLI, 2007: 310)

                  18.            Para Porto-alegre, o estudo de paisagens era uma possibilidade para o exercício da profissão, enquanto arte, no entanto, o gênero era considerado dentro das concepções das antigas academias européias do Ancien Régime, ou seja, um gênero menor. Os debates com August Müller que ministrava a disciplina “Paisagem, flores e animais” servem como eixo para entender os desdobramentos sobre a questão da natureza.

                  19.            Tanto na Academia quanto no Instituto Histórico e Geográfico o meio intelectual na primeira metade do século dezenove segue uma tradição iluminista. Segundo Maria Odila, o traço de continuidade mais significativo dos homens de ciência no Brasil dos fins do século XVIII à geração dos românticos foi a sobrevivência de uma inclinação pragmática

                  20.                                                  [...] que se exprimiu no culto às ciências e aos conhecimentos úteis, dedicando-se à busca, consciente e pragmática, dos instrumentos da nova nacionalidade [...] Punham no culto à ciência o mesmo fervor com que veneravam a arte. “Tratava-se” - escreve Antônio Candido - “de construir uma vida intelectual, em sua totalidade, para o progresso das luzes e conseqüente grandeza da pátria. (DIAS, 2005:117)

                  21.            O ponto sobre um possível campo de atuação a mais para o artista, em um país onde só Suas Majestades compravam obras de arte, no parecer sobre as aulas de Müller é evidente. Porto-alegre coloca o paisagista como um integrante necessário das expedições científicas. Conhecedor das tradições antiquárias, como vimos o desenho pode registrar todas as informações necessárias para o estudo em gabinete feito posteriormente pelas expedições, assim como a divulgação do conhecimento obtido,

                  22.                                                  O desenho suppre o Cadaver ao anatomico, as collecções ao Zoologo, as flores ao botanico, as viagens ao geographo, os modêlos ao engenheiro e ao artista, e como um poderoso auxiliar da palavra, que produz aquelle meanto indisivel que experimentei quando o immortal Cuvier narrava a epopéia da creação, e com o giz na ardosia ressuscitava a imagem d’esses seres perdidos, d’esse mundo abafado pelo diluvio, e petrificado pelas trevas.(PORTO-ALEGRE, 1855)

                  23.            O parecer sugeria que o professor de paisagem tivesse noções de ciências auxiliares como botânica, geologia e metereologiaporque Lineu, Cuvier, Tournefort, Flourens, nos ensinaram a pintar, assim como os anatomistas, matemáticos, poetas, filósofos, físicos e fisiologistas” (SQUEFF, 2004: 212-213), segue ainda no texto a inserção do ensino da técnica da aquarela cujo solvente é a água, mais adequada às condições que o artista enfrentaria nas expedições,e por ser mais resistente às ações do tempo mostra-se mais vantajosa para a preservação da obra

                  24.                                                  [...] O que faria um de nossos alunos viajando, ou adido a uma expedição científica no interior de país? Onde ele iria buscar os comôdos que pede a pintura a óleo, ou como poderia ele conservar a fidelidade do colorido com o lápis somente? [...] (CHIARELLI, 2007:226)

                  25.            Porto-alegre defendia a necessidade de aulas práticas para os alunos mais adiantados desta disciplina. O hábito das cópias das estampas européias privava o aluno de captar os exemplares característicos do local da paisagem trabalhada, o que era ruim no seu ponto de vista, seja pela questão técnica da falta de familiaridade e treino com os modelos durante os trabalhos em expedições cientificas, seja pela falta de veracidade na execução de pintura histórica.

                  26.            A pintura histórica requeria a exaltação dos momentos gloriosos da nação e dos atos heróicos de grandes homens, e dentro dos preceitos de Winckelmann tornou-se o espaço privilegiado para gravar na alma de seus observadores os nobres sentimentos de amor à pátria, “Por essa razão, acharam muitos dentre os maiores paisagistas que se desincumbiriam apenas de metade das suas obrigações para com a arte, se deixassem as suas paisagens sem nenhuma figura humana.” (CASTRO, 2007: 16)

                  27.            A forma como Porto-alegre enquadrava a pintura de paisagem em relação à pintura histórica tem sua correspondência no programa do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Além da tarefa de salvar do esquecimento os homens ilustres através do elogio histórico, havia preocupações etnográficas e geográficas, buscando conhecer o país detalhadamente.

                  28.            Assim como outros sócios do Instituto Histórico, encontramos em seus manuscritos a oposição entre civilização versus natureza bruta. A uma cabe a elevada tarefa da história, à outra resta somente a etnografia e outras ciências naturais. Os seus apontamentos sobre uma visita ao sul acompanhando o Conselheiro Pedreira é concluído desta forma:

                  29.                                                  [O Itajahy] É um rio de 50 braças de largura na entrada e 40 ate o salto grande, que não é mais do que uma grande cataracta, que se dispenha em escaloens de sonoras catadupas da altura de 60 palmos. Vi muitos rios afamados da europa e nenhum d’elles é mais formozo e pictorico do que este; o que lhe falta somente é a historia da humanidade escripta com pedra e cal [grifos meus], quer n’esses castellos que dominam o cimo dos montes, ou n’esses coruchios de igrejas que nos transportam ao começo do christianismo, e que em caracter architectonico nos revelam a marcha do Evangelho atravez da idolatria.(PORTO-ALEGRE, s/d)

                  30.            Porto-alegre não chega a ser tão pessimista como seu contemporâneo Varnhagen, onde a natureza ganha ares de predatória e selvagem. Nossa natureza é pictórica, digna de ser pintada, mas vimos anteriormente que uma das funções da arte é servir de instrumento para domar a natureza bruta como elemento civilizador. A arte dentro de sua concepção se entrelaça em dois momentos com a história sob o caráter de escrita da história, compreendida sob duas conotações: no desenrolar das ações humanas que ficaram registradas materialmente, ou como forma de historia magistra que organiza e seleciona os fatos memoráveis para as gerações futuras. “Sem arte não há cunho de civilisação, não há expressão do bello, não há documento do passado”. (PORTO-ALEGRE, 1855)

                  31.            Mais sutilmente, percebe-se nessa relação arte-civilização-história o mesmo pensamento de Varnhagen, na infância da humanidade, na barbárie só é possível a etnografia. Seria esse o caso do desenho para o naturalista? Como a civilização adotada como parâmetro é européia, vemos a Arte seguir o mesmo raciocínio. Fora dos padrões da Academia temos, artífices, artesões, vocação para a arte, uma infância da humanidade, reconhecidas por Porto-alegre de forma pragmática dentro da evolução da História Universal e de cunho inferior dentro da tradição que faz parte da sua formação. Porto-alegre reconhece a necessidade desse tipo de mão-de-obra dentro da sociedade, mas não aceita a sua tradição e propõe que esses profissionais também tomem aulas na Academia, ou sigam as orientações de artistas formados por esta, para que os seus trabalhos possam progredir no aspecto material e estético.

Referências bibliográficas

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CHIARELLI, Domingos Tadeu. Pintura não é só beleza: A crítica de arte de Mário de Andrade. Florianópolis: Letras Contemporâneas - Oficina Editorial Ltda., 2007.

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Fonte manuscrita

PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo (1806-1879). Sobre baile na colonia alemã de Fortaleza Carolina (Santa Carolina), oferecida ao Consº Pedreira. (manuscrito Coleção Araújo Porto-alegre, Arquivo do IHGB)

FERRARI, Paula (org.). Manoel de Araujo Porto-Alegre: Discurso pronunciado na Academia das Belas Artes em 1855, por ocasião do estabelecimento das aulas de matemáticas, estéticas, etc.. 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 4, out. 2008. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/txt_artistas/mapa_1855_discurso.htm>.

Trinta teses para debate, Ata da 2a Sessão Pública da Academia das Belas Artes, em 27 de setembro de 1855 – Presidência do Diretor. (Cfr. link)

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[1] Mestranda do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora com a pesquisa “Porto-alegre e o IHGB: Reflexões sobre a construção da história da arte brasileira” sob orientação da prof. Dra. Maraliz de Castro Vieira Christo.

[2] Para esse projeto optamos por Manuel de Araújo Porto-alegre porque representa um letrado de formação acadêmica com possibilidade de ação dentro das instituições de saber e grupos políticos ligados ao centro de poder do Império. Foi pintor, professor de pintura histórica, diretor da Academia Imperial das Belas Artes, escritor, dramaturgo, cenógrafo, caricaturista, arquiteto, é considerado primeiro crítico e historiador da arte brasileira. Porto-alegre, como sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, escreveu uma série de textos para a revista do instituto, refletindo sobre a arte brasileira. Nascido em Rio Pardo-RS, em 1806, ele presencia ao longo de sua trajetória biográfica mudanças políticas e estéticas do período. Foi discípulo de Debret e Montigny na Academia Imperial das Belas Artes, em 1831 acompanha Debret de volta a Paris, conhece Jean Antoine Gros e boa parte da geração romântica parisiense. Na Itália, estuda com o arqueólogo Antonio Nibby. Ainda na França, funda juntamente com Torres Homem e Gonçalves de Magalhães a revista Nitheroy: Revista brasiliense, sciencias, lettras e artes (1836) marco do romantismo brasileiro, posteriormente Porto-alegre funda e dirige os periódicos: Minerva Brasiliense (1843), Lanterna Mágica (1844) e Guanabara (1849). Enquanto diretor da Academia Imperial das Belas Artes propôs reformas no curriculum e na metodologia do ensino do Instituto, ações que fizeram parte da Reforma Pedreira de 1855 (Cfr. links). O projeto civilizador de Manuel de Araújo Porto-alegre, de ordem prática e estratégica, mudaria toda a compreensão do status do artista. Suas idéias, que tomaram corpo na Reforma Pedreira, dividiram para sempre o artífice de ofício do artista, através do ensino diferenciado, visando a capacitação de mão de obra para a indústria e a equiparação do império à civilização da Europa, foi um homem que tomou para si as preocupações com a arte. (SQUEFF, 2004; FERNANDES, 1999; CHIARELLI, 2007; PINASSI, 1998)

[3]Os estudos de Winckelmann também tiveram grande influência no ensino da AIBA, citado diversas vezes por Taunay em seus discursos, suas obras também faziam parte do acervo bibliográfico da academia.” (CASTRO, 2007: p. 14).

[4] A erudição aqui é utilizada no sentido de educação adquirida para compreender as manifestações do pensamento. A base dessa educação seria constituída, para Porto-alegre, primeiro pela a gramática, chave de todas as línguas; a geometria onde se encontra a lógica e o conhecimento dos números e da extensão e por último, o desenho que possibilita a perfeição da vista na apreciação das formas e na compreensão do belo.

[5] A pintura histórica era considerada a categoria artística mais importante por incluir em sua constituição todos os demais gêneros da pintura. Em ordem decrescente a hierarquia dos gêneros de pintura estava desta forma estabelecida: Pintura Histórica; Pintura de Paisagem, de Retrato e de Gênero.