“Parla, diavolo”: Almeida Reis e
a sombra de Michelangelo
Renato
Menezes Ramos [1]
RAMOS,
Renato Menezes. “Parla, diavolo”: Almeida Reis e a
sombra de Michelangelo. 19&20,
Rio de Janeiro, v. X, n. 2, jul./dez. 2015. https://www.doi.org/10.52913/19e20.X2.10a
[English]
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1. “Ele
não teve a vida que merecia.”[2] A frase com que Sartre iniciaria seu
ensaio sobre Baudelaire, publicado em 1947 e dedicado a Jean Genet, merece, antes de tudo, uma observação. Escrever
sobre aquele que é talvez o maior dos pessimistas do século XIX em relação ao
futuro do mundo, na Europa destroçada após a Segunda Grande Guerra, e ainda
dedicando o escrito ao maior herdeiro da literatura maldita de seu tempo, é
atitude que demanda coragem. Não obstante, a frase cause forte impacto: ela
concentraria um teor genérico a fim de se referir àqueles sujeitos do século
XIX para os quais o fracasso coincidia com seu sucesso. Trata-se da geração que
se entenderia como sucessora legítima da “névrose”
baudelairiana[3] - Verlaine, Rimbaud, Mallarmé, Valléry - ecoada em Genet, que
era, a um só tempo, dejeto familiar e membro do submundo social.
2. Talvez
Sartre se refira, nas entrelinhas, à corrida em direção a uma liberdade
expressiva que Baudelaire, em literatura, tanto elogiou, mas que, por outro
lado, garantiu sua morte prematura (em 1867), afundado em dívidas. Ele,
paradoxalmente, desconheceu qualquer período de esquecimento, que poderia
culminar efetivamente em fracasso. Em 1850, Gustave Courbet,
expoente da liberdade da arte e do artista no século XIX, proclamava seu interesse
pela ferocidade de sua independência e individualidade, e recusava qualquer
filiação a um mestre.[4] Contudo, só 1863[5]
cravaria uma estaca decisória dos ímpetos artísticos, sendo capaz de unir a
noção de fracasso sombrio baudelairiano e o desprendimento revoltado courbetiano.
3. Há, no
entanto, duas oportunas coincidências de datas em que é preciso prestar
atenção. Em primeiro lugar, em 1863, Candido
Caetano de Almeida Reis, jovem artista brasileiro, grande promessa da
escultura moderna do país, se não começava, ao menos planejava a modelagem em
gesso de um Michelangelo leitor, ainda que por título lhe fosse atribuído Miguel
Ângelo, poeta [Figura 1].[6]
A obra inicialmente executada para o Congresso Juvenil Artístico de 1864, como
atesta a inscrição em sua base, seria exposta novamente no ano seguinte, dessa
vez na Exposição Geral de Belas Artes, rendendo-lhe um inquestionado prêmio de
viagem ao exterior. Em Paris, ele se ligaria a Louis Rochet, que anos antes, em 1862, inaugurava no Rio de
Janeiro o primeiro monumento público brasileiro [cfr. Imagem] e admiraria a obra de seus contemporâneos,
especialmente os chamados Néo-florentins, artistas franceses que se entendiam
herdeiros da escultura italiana do século XVI. Em segundo lugar, 1867 seria
marcado pela interrupção súbita do pensionato artístico do jovem escultor que,
incumbido de obrigatoriedades incontornáveis, executa uma obra de temática
alegórica, e não histórica ou religiosa, como previa o protocolo. O Rio
Paraíba do Sul (1866-1867) [cfr. Imagem] tornar-se-ia sua obra mais conhecida, a
despeito de sua fortuna crítica, pouco a pouco apagada por negligência
despreocupada por parte do futuro sobre o qual recairia sua modesta empresa.[7]
4. Almeida
Reis encarnava, desse modo, a ideia de que o artista moderno não se submete a
regras institucionais, mas age em função da vontade da própria arte; ele
demonstrava que a insubmissão do artista era parte significante do resultado
expressivo de seu trabalho. Desse modo, ele parecia incorporar a teoria da arte
lançada pelo mestre Frenhofer, personagem da célebre
novela de Balzac - Chef d’Oeuvre Inconnu - para quem “a
missão da arte não é copiar a natureza, mas sim expressá-la”.[8]
Após o fracasso absoluto de sua pintura misteriosa diante de seus discípulos, Frenhofer dá às chamas seu ateliê, dando cabo, a um só
tempo, de sua vida e de sua obra.
5. Quando
Almeida Reis decide tomar Michelangelo como tema de sua escultura, parece já
ter consciência do desafio que tem nas mãos. Não se deixa seduzir pela imagem
altiva e vívida do mestre florentino, mas se interessa pelo artista no ápice de
sua pausa reflexiva, na interrupção da leitura que deverá ser retomada.
Michelangelo é, doravante, o exemplar típico do sujeito cujo espírito, arruinado,
não é movido senão pela experimentação da própria angústia. Cada um dos
artistas seduzidos pela autodestruição, que conviveram com o sabor amargo do
fracasso, encontra-se ali, naquela imagem de homem melancólico, desiludido,
inconsolado. Por outro lado, é curioso que Almeida Reis não retome o artista
italiano como pintor da abóbada da Capela Sistina, mestre insuperável da
arquitetura ou ainda aquele que libertou Moisés de um bloco de mármore bruto.
Ele é poeta, mas não escreve. Tem um livro na mão, mas não o lê. Nesse
instante, instaura-se sobre ele a consciência da agrura de seu destino, e
talvez por isso sua imobilidade. É possível que sua quietude seja apenas o
estado predecessor de uma fúria prometeica, assustadora e destruidora.
6. A obra
de Almeida Reis não renderia frutos além da conquista do prêmio de viagem de
1865, como mencionado; tampouco renderia críticas a seu respeito. Porém, no ano
em que o regime escravocrata no Brasil era finalmente abolido, Gonzaga
Duque publicaria seu primeiro livro, intitulado A arte brasileira
(1888), que levaria consigo a pretensa tarefa de planificar a trajetória das
artes no país, de finais do século XVIII até seu tempo. Estariam aí os primeiros
comentários tecidos a respeito da obra de Almeida Reis, que morreria no ano
seguinte,[9] sem que a República tivesse sido
proclamada. Gonzaga Duque perceberia rapidamente que o escultor moldava em
gesso uma série de discursos sobre si próprio de modo que a obra resultante
correspondesse a uma prova da aguda identificação entre Almeida Reis e o
artista italiano. O crítico diria, à contramão do que a fenomenologia da arte
defenderia futuramente, que “a concepção do artista nasce do meio em que ele
vive, e as lutas com as necessidades da existência, o tenaz indiferentismo de
uma sociedade ávida de riquezas inúteis avara e estupidamente guardadas [...]
levaram-no para outra corrente de inspiração”.[10]
Mas parece-lhe tocar especialmente um poema escrito por Generino
dos Santos, em benefício de quem se cala para ceder espaço a reproduzir
integralmente o soneto intitulado, curiosamente, “Parla, diavolo”:
7.
Buonarotti a
cismar tinha curvado a fronte
8.
Como um deus a engendrar no pensamento um
mundo.
9.
Onde achar a expressão daquele olhar
profundo
10.
Quem dera leis ao Povo e água ao Monte?
11.
Onde o escopro divino? Onde o mármore
insonte?
12.
Onde a linha? o contorno? o movimento? o
fundo
13.
Sulco de dor que assombra? E o gesso
audaz, fecundo,
14.
Que abriria à Humanidade intérmino
horizonte!
15.
Buonarotti a
cismar quedara-se impotente!
16.
No entanto o céu se obumbra... estala o
raio... ingente
17.
Bloco vem do Sinai rolar junto a seus
pés...
18.
Súbito acordar... empolga um flúmen à
passagem...
19.
E, qual Jeová criara Adão à sua imagem.
20.
Pôs-se a talhar na rocha a estátua de
Moisés.
21. Generino dos
Santos era amigo de Almeida Reis e frequentava o círculo positivista no qual o
artista se infiltrara quando de sua volta ao Brasil e para o qual realizaria
diversas obras. Sua fé positivista só aumentaria a antipatia que a Academia
passaria a nutrir por ele, que se tornava, assim, membro da frente mais radical
em favor de uma profunda reforma no sistema de ensino artístico da instituição.[11]
É certo, porém, que Generino dos Santos superestima
Almeida Reis na obra que lhe é dedicada.[12]
Ele não economiza esforços para fabricar a ideia de que o artista correspondia
a um eixo em torno do qual gravitariam figuras importantes, entre os quais o
próprio Rodolfo
Bernardelli. Ele obliterava, contudo, o fato de que Bernardelli, ao
contrário de Almeida Reis, monopolizaria a escultura pública no Brasil entre
finais do século XIX e início do seguinte, além de sua notória atuação na
direção da nascente Escola Nacional de Belas Artes. Em efeito, seu intento não
foi feliz.
22. Enquanto
homem das letras, ele cede aos clássicos versos alexandrinos, mas resiste
bravamente à antiga tradição da écfrase para
reservar-se a olhar a escultura de Almeida Reis como espelho de Moisés e este
como persona de Michelangelo. A
violência contida do profeta converte-se na fúria demiúrgica originada pelo
contato potente entre o homem e o mármore. Ele parece refletir sobre a
capacidade dupla das vontades e dos meios: o ódio que destrói é o mesmo que
constrói; o fim convive com o início. “Parla, diavolo”
é a interjeição, a ordem, que dá voz ao demônio adormecido que existe tanto em
Moisés, quanto em Michelangelo. Existe em ambos uma angústia que arruína e
apaixona, e pertence a ela, agora, a vez da fala.
23. É
preciso lembrar que, após longo período frequentando um limbo historiográfico
depois dos elogios eloquentes cantados por Giorgio Vasari
e ecoados em Benedetto Varchi, as primeiras décadas do século XIX recuperariam
Michelangelo justamente pela indubitável compreensão de sua filiação com o
maligno, e pelo seu temperamento melancólico. Se fosse preciso atualizar o
célebre paragone vasariano,
a Rafael caberia a graça, enquanto a Michelangelo, por consequência imediata, a
desgraça.[13] Enquanto o primeiro incorporaria perfeitamente
a síntese plástica do Renascimento italiano, ao segundo não restaria senão o
seu oposto, “um caudaloso rio de montanha, que fecunda e devasta ao mesmo
tempo”.[14] Após a chancela divina, atribuída a
Michelangelo por Ludovico Ariosto em seu canto III de Orlando Furioso (1516), Roland Fréart de Chambray, porta-voz do classicismo francês e enaltecedor da
contenção apolínea resguardada por Poussin, o
denominaria Mauvais Ange de la Peinture.[15]
No momento em que condena radicalmente a união inaceitável entre a escatologia
cristã e o mito antigo no afresco do Juízo Final, as Idées
de la perfection de la peinture (1662), do
teórico francês, se encarregam de estabelecer a analogia entre Michelangelo e
Lúcifer, o anjo maldito expulso do Paraíso.
24. Séculos
após a difamação michelangiana da parte de Fréart de Chambray, cuja obra
doravante passaria a constar entre os textos obrigatórios para o ensino
artístico na França e rapidamente seria traduzido para o inglês e para o
italiano,[16] o paralelismo por ele estabelecido seria
redivivo. O escultor Jean-Jacques Feuchère[17]
lembraria em silêncio que o equivalente da palavra Lúcifer em hebraico é helel (hêlêl; heylel), derivativo do
verbo lamentar, tornado a ação fundamental evocada pelo escultor em sua obra
datada de 1833 [Figura 2].
Reclinado sobre si mesmo, o demônio é humano; ele é incapaz de sustentar seu
próprio peso e apoia sua cabeça em uma das mãos. Mas ele é também animal, de
asas de morcego que insinuam se fechar formando uma cúpula em torno de si. Ele
lamenta a queda e a perda de sua luz. O Paraíso perdido (1667), de
Milton, reeditado e vertido ao francês em 1805 por Chateaubriand, certamente
exerceria sobre o artista grave influência, muito embora não seja preciso fazer
grande esforço para entender essa obra como metáfora sensível para a própria
imagem do artista. Ela carregaria forte sentido de desafio destemido da
criação, e o desejo de se equiparar a Deus, “qual Jeová criara Adão à sua
imagem”, como bem declara Generino dos Santos,
torna-se audaciosa ânsia de superação do feito divino. Uma vez inaceitável, a
condenação, a expulsão do paraíso e a maldição constituem a sequência de um
destino presumível: “O fundo / Sulco de dor que assombra?”
25. Mais
do que um artista maldito, Michelangelo parece ter-se convertido na própria
maldição que recai sobre aquele que se espreita à sua sombra. Depois de
esculpir em bronze a imagem do mestre florentino e enviar ao Salon de 1843, o próprio Feuchère teria sua obra recusada [Figura 3a].
Restaria a ela ser reaproveitada, anos depois, como mero ornamento de um
relógio à moda Napoleão III, para não desaparecer [Figura 3b].
Lembremos, ademais, que Xavier Sigalon, artista
responsável pela cópia do Juízo Final para a capela da École des Beaux-Arts, após cerca de quatro anos de trabalho
diário na Capela Sistina, resultando em uma obra aclamada por nomes tais como
Alexandre Lenoir e Théophile Gautier, não gozaria de
seu sucesso, pois seria acometido por cólera que o abateria em pouco tempo. A
morte súbita o impediria de dar continuidade ao desejo de seguir com as cópias
das pinturas do mestre florentino.
26. Generino dos
Santos, portanto, parece ser levado pelo fluxo intenso dessa correnteza, assegurando,
por outro lado, o local da arte brasileira na agenda global. Ele detecta na
obra de Almeida Reis uma espécie de atravessamento maldito, identificando na
obra michelangiana um lampejo de possessão demoníaca,
elemento esse apreendido pelo escultor brasileiro e oferecido a seu
Michelangelo poeta-leitor. Nesse jogo de referências, vence sempre a ideia
segundo a qual o corpo do artista está sujeito à fulminação enraivecida de um
tormento existencial e é essa qualidade que lhe pode custar a própria substância
vital.
27. Não
obstante, talvez Generino dos Santos tenha tornado
poesia aquilo que Vasari, em uma palavra, nomeou terribilità, topos michelangiano
através do qual o artista seria sempre lembrado. A isso não estaria associado
somente seu temperamento saturnino e o conhecido mau gênio, que levaria
Michelangelo a dispensar qualquer ajuda para, sozinho e furioso, executar a
epopeia do afresco da abóbada da Capela Sistina. Soma-se a noção segundo a qual
Michelangelo torturaria o mármore para forçá-lo a falar, como bem escreveu
Sartre,[18] em relação a sua capacidade de retirar
da pedra todo o excesso necessário para torná-la potencialmente irresistível.
Ou ainda, trata-se de sua absoluta capacidade de assombrar aquele que observa a
sua obra, capacidade esta tão bem compreendida por Gonzaga Duque, que detecta
no gesso de Almeida Reis mais do que uma referência representativa, mas a
origem de um problema plástico:
28.
Este corpo talhado por uma maneira austera
que não deixa esquecer de todo a do grande mestre, tanto pela violência e
largura de passar a espátula quanto pelo sentimento da forma, este corpo nos
recorda aquele grande florentino que, para distrair Pedro de Médicis fazia
estátuas de neve, e, para assombrar a Humanidade, talhava estátuas de mármore.[19]
29. Em
efeito, seriam as “surdas tempestades do coração humano, as espumantes, negras
encrespadas lutas psicológicas”[20] as questões detectadas por Gonzaga Duque
como mobilizadoras da obra de Almeida Reis que, em 1876, enviaria à Exposição
Geral de Belas Artes um grupo escultórico de gesso intitulado O gênio e a
miséria. É preciso notar, antes, que o crítico parece já identificar certa
ruína vindoura na obra do escultor brasileiro, cujas esculturas, embora
recentes para o momento, restavam em fragmentos em seu ateliê. Não seria
exatamente esse o fim de O gênio e a miséria, doada pelo próprio artista
a um asilo de mendigos, em aparente atitude resignada pelo entendimento de que
sua própria obra sofria de alguma ordem de condenação. Cabe-nos imaginar,
conforme descrevem aqueles que a viram, que se tratava de um Gênio sucumbido à
força voraz e impiedosa da Miséria, que totalizava em si, o nada e todo o mal
absoluto, a um só tempo.
30. O
esforço muscular, o vigor pulsante na matéria, a força eloquente que latejava
na carne de gesso levariam um crítico em pseudônimo a afirmar que a obra era um
comentário à “luta titânica, imemorial, interminável entre o mesmo abutre que
corroeu as entranhas de Prometeu encadeado e todos os roubadores do fogo
sagrado que entre lágrimas e suspiros passam pela terra”.[21]
Era esse mesmo crítico que encerrava sua análise em fina ironia recomendando a
Almeida Reis que abandonasse o cinzel, pois seu inexorável sentimento de
fracasso seria sempre resultado da constante incompreensão do valor expressivo
de sua obra.
31. Almeida
Reis, contudo, foi artista despretensioso ao mundo intelectual, diferente de
seu amigo Pedro
Américo,[22] por exemplo, por quem se deixou
representar em 1888, ano anterior a sua morte [Figura 4],
curiosamente com às feições de um filósofo místico, de toga negra, barba
apontando o queixo, expressão serena e segura, olhar objetivo e estendendo-nos
a mão, sem hesitação, em convite para acompanhá-lo na missão de instaurar uma
ordem cósmica segundo sua fé positivista. Almeida Reis, porém, não nos deixou
muitas palavras, e a pintura parece nos mover no sentido contrário a seu
silêncio, que segue até hoje. Michelangelo, por sua parte, escreveu um livro na
Capela Sistina, e sua poesia medita sobre a plenitude das coisas e funda
teorias. Talvez por isso o artista brasileiro se submeta ao emudecimento
sombrio daquele que “tinha curvado a fronte / Como um deus a engendrar no
pensamento um mundo”.
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______________________________
[1] Mestre em história
(História da Arte) pela Unicamp, bolsista Fapesp. Graduado em História da Arte
pela UERJ.
[2] SARTRE, Jean Paul. Baudelaire. Buenos Aires: Editorial Losada S. A., 1968, p 15.
Tercera edición.
[3] OEHLER, Dolf. Art Névrose,
análise sócio-psicológica do
fracasso da Revolução em Flaubert e Baudelaire. Novos
Estudos, n. 32, mar. 1992.
[4]
Citado em: MARTIN-FUGIER, Anne. La vie d’artiste au
XIXe siècle. Paris: Éditions Louis Audibert, 2007,
p. 427.
[5] O ano de 1863 seria
profundamente marcado pelo primeiro Salon
des Refusés, autorizado
por Napoleão III para albergar as centenas de obras recusadas no salão oficial.
Esse evento, paradoxal por essência, seria um marco definitivo na história das
instituições artísticas da modernidade.
[6] Agradeço a Alberto
Martín, que há algum tempo me apresentou essa obra.
[7] No tocante à suspensão
do pensionato de Almeida Reis, pude desenvolver com mais detalhe em: RAMOS,
Renato Menezes. Almeida Reis, Michelangelo e o
destino do artista. Figura: studi sull’imagine nella tradizione
clássica. 2014.
Disponível em: <http://figura.art.br/2014_11_menezes.html> Acesso em
20/12/2015.
[8] BALZAC, Honoré de. A
obra-prima ignorada. In.: DIDI-HUBERMAN. A pintura encarnada. São Paulo:
Escuta, 2012, p. 156.
[9] Almeida Reis morre no
dia 14 de abril de 1889.
[10] DUQUE ESTRADA, Luiz
Gonzaga. A arte brasileira. Introdução e notas de Tadeu Chiarelli.
Campinas: Mercado das Letras, 1995, p. 247.
[11] De volta ao Rio de
Janeiro, Almeida Reis, junto do pintor Antônio
de Souza Lobo e do arquiteto Rodrigues Moreira, funda O Acropólio, associação que fazia
oposição ao ensino oficial, sobretudo no tocante à utilização dos modelos
europeus.
[12] SANTOS, Generino dos. Humanidades: livro undécimo: o estatuário
brasileiro C. C. Almeida Reis. Rio de Janeiro: Jornal do Commercio, 1939.
v. 7.
[13]
RÈPACI-COURTOIS, Gabriella. Michel-Ange et les écrivains
français de la renaissance: grâce et disgrâce d’un
itinéraire critique. Nouvelle Renue du Seizième Siècle, n. 8, 1990, p.
65.
[14]
WÖFFLIN, Heinrich. A arte clássica. São Paulo: Martins
Fontes, 1990, p. 55.
[15]
FRÉART DE CHAMBRAY, Roland. Idée de la perfection de
la peinture. Paris:
J. Ysambart, 1662, p. 65-66.
[16] A tradução inglesa data
de 1668, por Evelyn, enquanto a tradução italiana, ainda que feita por Anton
Maria Salvini em 1685, não seria largamente publicada senão em 1809.
[17] Membro do grupo chamado
Néo-florentins
com o qual, seguramente, Almeida Reis teve contato, como já foi mencionado.
[18] SARTRE, Jean Paul. O
sequestrado de Veneza. São Paulo: Cosac Naify,
2005, p. 48.
[19] DUQUE ESTRADA, op.
cit., p. 246. Gonzaga Duque se refere a uma passagem do texto vasariano da edição de 1568, inexistente em sua primeira
edição, de 1550, portanto, evidentemente tributária da vida de Michelangelo
publicada por Ascanio Condivi em 1553.
[20] Ibidem, p. 247.
[21] MIRANDOLA. O gênio e a
Miséria. Revista Musical e de Bellas Artes, 31 de maio de 1879, ano 1, p. 3.
[22] Pedro Américo defendeu,
em 1868, na Faculdade de Ciências da Universidade de Bruxelas, a tese
intitulada Ciência e os Sistemas: questões
de história e filosofia natural, recebendo o título de doutor em ciências.