O Desenho em foco: a arte aplicada na transição do século XIX para o XX
Bruno dos Santos Dias*, Daniela Flávia Martins Fonseca** e Renata Garcia Campos Duarte***
DIAS, Bruno dos Santos; DUARTE, Renata Garcia Campos, FONSECA, Daniela Flávia Martins. O Desenho em foco: a arte aplicada na transição do século XIX para o XX. 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 2, abr. 2008. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/ensino_artistico/ea_bd_desenho.htm>.
* * *
As técnicas praticadas pelo homem, algumas vezes, produzem obras artísticas. Assim, foi estabelecida uma divisão entre a chamada arte pura e a arte aplicada. A arte pura era considerada superior à arte aplicada. Argan ressalta que “o próprio conceito de aplicação implica a idéia de uma precedência da arte pura e do sucessivo emprego secundário das suas formas de produção e objetos de uso”. (ARGAN, 2000:123).
Aqui serão trabalhadas provas de desenho, a partir das quais se pretende entender a função da disciplina de Desenho no que diz respeito à aplicação da arte. Por conseguinte, é possível estabelecer relações entre alguns anseios da sociedade e o ensino dessa disciplina. Segundo Argan, “a arte assim chamada aplicada transmite a imagem da sociedade e de seus graus e valores internos, e sobretudo das suas funções”. (ARGAN, 2000:117).
Dessa forma objetiva-se recuperar parte da história da disciplina de Desenho nas Escolas Normais Oficiais de Minas Gerais, no período compreendido entre 1892 a 1906[1]. Para isso, utilizamos como referência provas, Programas e Pontos da disciplina de Desenho encontradas no Arquivo Público Mineiro, por meio do Projeto Memória da Administração do Estado de Minas Gerais: organização, preservação e acesso do acervo documental (1889-1945)[2]. Como fontes para a análise da documentação, servimo-nos de leis e decretos mineiros, além de pareceres e reformas propostas por Rui Barbosa a partir de 1880. Segundo Souza, muitas das concepções e propostas contidas nos estudos de Rui Barbosa “foram adotadas nas reformas da Instrução Pública, realizadas em várias províncias na década de 1880 e, posteriormente, pelos estados nas primeiras reformas educacionais da era republicana” (SOUZA, 2000:10); entre estes o de Minas Gerais.
O estudo das propostas de Rui Barbosa justifica-se, devido à importância[3], atribuída por ele, a algumas disciplinas no currículo escolar, com destaque para a de Desenho. Em 1882, Rui Barbosa, então deputado, apresentou à Câmara um projeto que tratava da Reforma do Ensino Secundário e Superior, visando preparar o aluno para as mudanças no cenário nacional. Era necessário privilegiar conteúdos como, por exemplo, Música, Ginástica, Higiene e Desenho.
Designado como relator do projeto de reforma da instrução no Brasil, Rui Barbosa foi influenciado pelo movimento intelectual que acreditava na educação como um dos pilares para a formação de uma nação em ordem, rica e moralizada. É possível verificar em seus trabalhos as referências feitas aos modelos dos países ditos “civilizados” que deveriam ser seguidos. Como consta no prefácio do Parecer da Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições da Instrução Pública, escrito por Jacobina Américo Lacombe, na edição de 1950, a obra possui ao total 365 citações bibliográficas especializadas no assunto, sendo 179 em língua francesa, 129 em língua inglesa, 26 em português, cinco obras em língua alemã, quatro em italiano e cinco em espanhol.
Para o republicano e liberal Rui Barbosa, era urgente que o país se desenvolvesse e se tornasse também uma nação industrial. Acreditava que “o dia em que o desenho e a modelação começarem a fazer parte obrigatória do plano de estudos na vida do ensino nacional, datará o começo da história da indústria e da arte no Brasil”. (BARBOSA, 1882:257).
Conforme a leitura dos pareceres de Rui Barbosa, percebe-se que, para ele, existiam duas formas de arte. Uma era a arte de admiração e contemplação e outra, que nos interessa aqui, a arte aplicada. Essa não se destinava
ao cultivo superior da pintura, da escultura, da estatuária, mas a explorar completamente as opulências inexauriveis da adaptação da arte ao trabalho industrial, mediante o estudo cabal do desenho e da modelação sob os seus variadíssimos aspectos, cada um dos quais é uma mina de riquezas para o Estado. (BARBOSA, 1882:194).
De acordo com esse pensamento, tudo seria subordinado ao caráter de aplicação industrial, em prol do crescimento e fortalecimento do Estado. Barbosa criticava que, no Brasil, ao contrário do resto do mundo civilizado, o ensino do desenho era envolvido pela idéia de prenda de luxo ou dom inato, “um passa tempo de ociosos, um requinte de distinção reservado ao cultivo das classes sociais mais ricas, ou à vocação excepcional de certas naturezas privilegiadas para as grandes tentativas da arte”. (BARBOSA, 1882:108). Defendia que tanto o ensino como o aprendizado do desenho eram úteis e necessários a todos que se dedicassem a tal fim, recomendava que deveria ser disciplina ministrada desde a escola primária, ou citando Pestalozzy[4], poderia vir antes mesmo do estudo das primeiras letras, já que o desenho seria uma inclinação natural do espírito humano, tendo somente a contribuir para o aprendizado, jamais retardá-lo. Apontava as contribuições do ensino do Desenho às outras disciplinas do currículo escolar e para a formação de um novo padrão de valores. Afirmava, ainda, ser o Desenho
(...) indispensável à perícia especial do futuro operário, à honra industrial e à prosperidade mercantil do país, o desenho apresenta ainda, enquanto à cultura geral da inteligência, assinaladas vantagens: é um meio de desenvolver a faculdade perceptiva e, ao mesmo tempo, um preciso auxiliar a vários outros ramos do ensino (a escrita, a aritmética, a geometria e a geografia); a disciplina, a um tempo, um espírito, a mão e o olho; inclina o menino a ordem, a precisão; incute-lhe gosto, e inspira-lhe o amor do belo. (BARBOSA, 1883:115).
Com o ensino do Desenho não era esperado que surgissem grandes artistas, mas sim operários mecânicos capazes de ler os signos mais importantes para o exercício de suas funções, capazes de compreender os signos do desenho e também produzir objetos úteis a sociedade. Barbosa ressalta que o fim da educação não era “promover individualidades extraordinárias”, mas sim “educar esteticamente a massa geral das populações, formando a um só tempo, o consumidor e o produtor, determinando simultaneamente a oferta e a procura nas indústrias do gosto”. (BARBOSA, 1882:07).
A reforma do ensino que Rui Barbosa propunha abrangia a aplicação das disciplinas, a reestruturação do espaço escolar e, sobretudo, a reorganização dos métodos e a reforma do professorado. Para tanto, as escolas normais[5] seriam espaços privilegiados para a formação de professores primários que disseminariam os seus conhecimentos a maior gama possível da população. Dentre as disciplinas a serem ministradas nas escolas normais e nos diversos níveis da Instrução Pública estava a disciplina de Desenho. Barbosa mencionava que não bastava
(...) dispor de excelentes professores especiais de desenho, estabelecer bons cursos e boas escolas especiais; é mister que TODOS OS MESTRES E MESTRAS sejam habilitados a distribuir, nas aulas DIÁRIAS, A TODA A POPULAÇÃO DAS SUAS ESCOLAS O ENSINO PRIMÁRIO DO DESENHO. (BARBOSA, 1882:107-108).
Segundo Rui Barbosa o método que deveria ser adotado na reforma do ensino deveria ser o Lições de Coisas ou Método Intuitivo[6]. Este já havia sido formalmente adotado pelo artigo 4º do Decreto nº 7.247, de 19 de abril de 1879, conforme a Reforma Leôncio de Carvalho. Entretanto, Barbosa criticava a rotina com que o método era aplicado, alegava que não passava de imitação dos modelos desenvolvidos – pelos estudiosos dos países “civilizados” – com tamanha precisão e coerência. Lourenço Filho resgata o pensamento de Rui Barbosa,
Cumpre renovar o método, orgânica, substancial, absolutamente, nas nossas escolas. Ou, antes, cumpre criar o método; porquanto o que existe entre nós usurpou um nome, que só por antífrase lhe assentaria; não é o método de ensinar; é, pelo contrário, um método de inabilitar para aprender. (BARBOSA apud Lourenço Filho, 1945:XXXI).
O Lições de Coisas consiste em explorar os sentidos como instrumento do aprendizado, substituindo o caráter abstrato, baseado na palavra e na memorização, por atividades que valorizassem a percepção e intuição do aluno. De acordo com Valdemarin “devido ao uso dos objetos, à observação e ao resultado projetado, este método é considerado por seus propositores como sendo concreto, racional e ativo”. (VALDEMARIN, 2000:77).
O ensino do desenho, associado ao Método Intuitivo, esteve constantemente relacionado à idéia de desenvolvimento industrial. Essa era a justificativa para a consolidação das novas disciplinas nos currículos educacionais das instituições de ensino do país. Barreto ressalta que “o ensino da arte, mais propriamente dito o ensino do desenho assumiu papel relevante na educação para o trabalho, seja ele como objeto disciplinador, ou como forma de aperfeiçoar a mão-de-obra e cultivar o espírito de trabalhador”. (BARRETO, 2006:02).
É possível que Rui Barbosa tenha entrado em contato com esse método quando, segundo Lourenço Filho, em 1879, se transfere para a Corte, onde conhece a professora norte-americana Eleanor Leslie, diretora do Colégio Progresso. Esta provavelmente possuía a obra Primary Object Lesson, de Allison Norman Calkins, pois “comprazia-se em conversar sôbre assuntos de ensino, informando-se do movimento de idéias pedagógicas nos Estados Unidos”. (LOURENÇO FILHO, 1945:XV). Também aponta a possibilidade de ter ocorrido os primeiros contatos de Rui Barbosa com a obra, por meio do relatório de Ferdinand Buisson referente à seção de educação da Exposição Internacional de Filadélfia, em 1879[7]. A grande contribuição de Rui Barbosa no que diz respeito ao Método Intuitivo está na tradução dessa obra, bem como as críticas feitas à forma com que o Método era aplicado no Brasil.
Na legislação mineira do início do período republicano é possível perceber, no Regulamento das Escolas Normais, no Decreto nº 607, de 27 de fevereiro de 1893, o espaço reservado à disciplina de Desenho. O Art. 3º estabelece que “O curso normal será de 4 annos, e comprehenderá as seguintes matérias [...] desenho geométrico, topográfico, de ornato, de paizagem e de figura”, com lições de desenho do primeiro ao quarto ano, divididas em três lições por semana no 1º ano, uma lição no 2º, duas lições no 3º e três lições no 4º ano. Em relação ao método a ser utilizado, o artigo 9º determina que “os professores das aulas práticas farão três vezes por semana lições de cousas, às quais assistirão os alunos do primeiro anno”.
Constantemente é ressaltado o caráter prático e profissional do método de ensino. O Decreto nº 607 também assevera: “sempre que for possível se farão uso dos processos intuitivos, tanto nas aulas práticas como nas do curso normal, não chegando aos estudos abstractos sinão progressivamente”. Era repudiada a idéia de se usar o método de forma em que o professor apenas repetisse os pontos e os cobrassem nos exames e exercícios. Recomendava-se que “no desenvolvimento das lições, deverão os professores associar à exposição a interrogação, não só para estimularem a attenção dos alumnos, mas também, para se inteirarem do aproveitamento dos mesmos”.
O fato de a legislação determinar, não significa que tenha sido cumprida a fio. Percebe-se que a repetição, e a utilização do método, às vezes, era bem diferente da proposta de Rui Barbosa, mas por outro lado encontram-se, também, outros documentos que demonstram que as propostas da Reforma haviam conseguido adeptos e eram seguidas em Minas Gerais. Foram encontrados programas de ensino do Lições de Coisas, nas escolas normais do estado a partir de 1896, que utilizam como compêndio a tradução da obra de Calkins realizada por Rui Barbosa, ou seja, o ensino da disciplina pontuava-se pelas propostas mais modernas daquela época. Esses programas são provenientes, principalmente, das Escolas Normais de Campanha, Montes Claros e São João del Rei, os quais apresentam semelhanças entre si como, por exemplo, o pressuposto do desenvolvimento da faculdade de observação do aluno.
Na documentação estudada nota-se que dentre as técnicas propostas por Rui Barbosa, consta a utilização do Método Estigmográfico. Este o define da seguinte forma:
O papel para o desenho, segundo o método estigmográfico, é quadriculado, isto é: está coberto com linhas, que enchem a folha, cruzando-se em ângulo reto, e formando uma rede de pequenos quadrados. As figuras formam-se traçando, isto é, cobrindo as linhas de um quadrado a outro, até se completar a figura proposta pelo mestre como modelo. As linhas da rede estigmográfica são mais tarde substituídas por pontos e, finalmente, os pontos reduzidos em número, mais e mais, até desaparecerem de todo e darem lugar ao desenho livre a olho; Com este método não havia, nem há, nem haverá saltos mortais; a progressão pode ser graduada matematicamente. (BARBOSA, 1883:151).
Esse método, de influência austríaca, era baseado na utilização de cadernos quadriculados para a realização de exercícios a mão livre. Nota-se, na documentação encontrada, a ausência do emprego da régua devido à falta de firmeza no traço. Barbosa deixa claro em seus trabalhos, que não se deveria iniciar o estudante no ensino do desenho usando a régua, pois isso limitaria a criatividade do aluno prejudicando todo seu aprendizado [Figura 1].
Também foram encontrados desenhos de figuras humanas, animais, ornatos fitomorfos e geométricos – barrados e frisos inspirados na gramática clássica, edifícios em perspectiva e fachadas [Figura 2], utensílios domésticos [Figura 3] e de uso litúrgico, formas geométricas, etc. Percebe-se que esses desenhos se inserem no campo das artes aplicadas, pois pretendem assegurar o aprendizado de técnicas úteis ao indivíduo em sua vida profissional.
Outra técnica utilizada era o estudo das formas vegetais [Figura 4], a base para a arte ornamental [Figura 5]; compreende-se que o treinamento em desenhos padrões vegetais aprimora os desenhos de ornatos. Estes são inspirados no vocabulário rococó, comum na maioria das cidades e presente na vida cotidiana dos alunos.
Os desenhos não eram meramente enfeites, estavam inseridos em uma seqüência de aprendizado que partia do estudo da geometria, incluindo o estudo da perspectiva, da luz e da sombra, do espaço e da linha, conforme a graduação alcançada pelo aluno. Eram utilizados nas aulas modelos em gesso, estampas e objetos, conforme a proposta do Lições de Coisas[8]. Entre os documentos, foi encontrado um projeto de arquitetura de interior, uma sala de aula adequada ao estudo do desenho. A disposição do mobiliário e a localização das janelas (a entrada de luz natural) privilegia a visão do estudante de diversas perspectivas, valorizando o modelo de acordo com a proposta do Lições de Coisas [Figura 6].
Estendendo-se por todos os anos do Curso Normal, a disciplina deveria assegurar o domínio das técnicas estudadas criando as condições básicas para o desenvolvimento do desenho industrial: mobiliário, peças de maquinário, desenhos de arquitetura e engenharia civil, como consta na documentação encontrada.
Em síntese, como demonstrado por Bitencourt, “as finalidades de uma disciplina tendem sempre a mudanças, de modo que atendam diferentes públicos escolares e respondam às suas necessidades [...] inseridas no conjunto da sociedade”. (BITENCOURT, 1998:42). Nota-se que com a disciplina de Desenho não foi diferente, uma vez que correspondeu à necessidade de seu tempo, e por isso pode ser analisada como um fenômeno histórico.
A utilização de desenhos como fonte para a pesquisa acadêmica ainda não é suficientemente explorada. Esta restrição explica-se em parte pelo fato do desenho ser considerado como esboço ou exercício preparatório para uma obra a ser elaborada, todavia, fundamental para a compreensão do processo de construção de uma idéia, as alterações operadas em seu desenvolvimento e, finalmente, a obra materializada. Concentrando-se preferencialmente na obra final, as pesquisas perdem muito, deixando em segundo plano os desenhos (os esboços), que nos dão a dimensão do processo de produção.
REFERÊNCIAS
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 709 p.
_________________. Projeto e Destino. São Paulo: Ática, 2001. 334 p.
AURAS, Gladys Mary Teive; PROCHNOW, Denise de Paulo M. As lições dos grupos escolares: um estudo sobre a incorporação do método de ensino intuitivo na cultura escolar dos primeiros grupos escolares florianopolitanos (1911-1935). In: VI Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul – ANPED Sul, 6, 2006, Santa Maria – RS. VI ANPED Sul – Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2006. Disponível em: <http://www.sbhe.org.br>. Acesso em: 11 fev. 2008.
BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. Arte-Educação no Brasil: das origens ao modernismo. São Paulo: Perspectiva, 1978. 132 p.
BARBOSA, Rui. Lições de Coisas. In: Obras Completas de Rui Barbosa: volume 13, tomo 1: Trabalhos Diversos. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1950. p. 259-365.
_____________. Método e Desenho Escola. In: Obras Completas de Rui Barbosa: volume 10, tomo 2: Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições Complementares da Instrução Pública. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1947. p. 105-196.
_____________. O desenho e a arte industrial. Disponível em: <http://www.casaruibarbosa.gov.br>. Acesso em: 19 jan. 2008.
BARRETO, Carolina Marielli. Ensino de Arte e Educação Profissional Feminina: a Criação da Escola Profissional Feminina de São Paulo. Revista Digital Art&, v. 05, 2006. Disponível em: <http://www.revista.art.br/site-numero-05/index.htm>. Acesso em: 09 jan. 2008.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. O que é disciplina escolar. In: O saber histórico na sala de aula. 2 ed. São Paulo: Contexto, 1998. p. 33-55.
BRASIL. Decreto nº 607, de 27 de fevereiro de 1893. Regulamento das Escolas Normais do Estado de Minas Gerais.
BROQUELET, Alfred. Arte Applicada à Indústria. Rio de Janeiro: H. Garnier, Livreiro Editor, 1911. 411 p.
CARDOSO, Rafael. A Academia Imperial de Belas Artes e o Ensino Técnico. 19&20 - A Revista Eletrônica de DezenoveVinte, Rio de Janeiro, v. III, n. 01, jan. 2008. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/19e20/>. Acesso em: 11 fev. 2008.
FONSECA, Celso Suckow da. História do ensino industrial no Brasil. Rio de Janeiro, 1961-62. 2 v.
HESKETT, John. Desenho Industrial. 2.ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1998. 227 p.
SECRETARIA do Interior. Desenhos encontrados no fundo Secretaria do Interior, ainda em fase de organização, referente às Escolas Normais de Campanha, Diamantina, Montes Claros, Ouro Preto, Sabará, São João del Rei e Uberaba.
SECRETARIA do Interior. Pontos para o Ensino de Desenho do 2º ano da Escola Normal de Campanha, 1896.
SECRETARIA do Interior. Programa de Lições de Cousas da Escola Normal de Montes Claros, 1898.
SECRETARIA do Interior. Programa de Pontos para a Prova de Gramática de Lições de Cousas da Escola Normal de São João Del Rei, 1899.
SCHELBAUER, Analete Regina. Método intuitivo e lições de coisas: saberes em curso nas conferências pedagógicas do século XIX. In: LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval; NASCIMENTO, Maria Isabel Moura. (Org.). Navegando pela história da educação brasileira. Campinas: Gráfica FE: HISTEDBR, 2006, p. 1-23. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/>. Acesso em: 11 fev. 2008.
SOUZA, Rosa Fátima de. Inovação educacional no século XIX: a construção do currículo da escola primária no Brasil. Cadernos Cedes, Campinas, Ano XX, n. 51, p. 9-25, nov. 2000.
VALDEMARIN, Vera Teresa. Lições de coisas: concepção científica e projeto modernizador para a sociedade. Cadernos Cedes, Campinas, Ano XIX, n. 52, p. 74-86, nov. 2000.
* Graduando do curso de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e bolsista do Projeto Memória da Administração do Estado de Minas Gerais: organização, preservação e acesso do acervo documental (1889-1945) no Arquivo Público Mineiro.
** Graduada no curso de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e bolsista BAT (Bolsa de Auxílio Técnico) do Projeto Memória da Administração do Estado de Minas Gerais: organização, preservação e acesso do acervo documental (1889-1945) no Arquivo Público Mineiro.
*** Graduanda do curso de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e bolsista BIC (Bolsa de Iniciação Científica) do Projeto Memória da Administração do Estado de Minas Gerais: organização, preservação e acesso do acervo documental (1889-1945) no Arquivo Público Mineiro.
[1] Esse recorte temporal se deve ao fato da maior parte da documentação encontrada se referir a esse período.
[2] O projeto Memória da Administração do Estado de Minas Gerais: organização, preservação e acesso do acervo documental (1889-1945), do qual fazemos parte, é parceria do Arquivo Público Mineiro (APM) com a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Esse é assessorado pela historiadora do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), Ana Torres, e possui como coordenador acadêmico o professor Caio Boschi. O objetivo é higienizar, descrever e acondicionar os documentos não encadernados provenientes das Secretarias do Estado de Minas Gerais surgidas após a Proclamação da República no Brasil. A documentação encadernada referente a estas secretarias já se encontra organizada e disponível à consulta na sede do APM. Até o momento, foram parcialmente concluídas a organização dos documentos não-encadernados pertencentes à Secretaria da Agricultura e a Secretaria de Viação e Obras Públicas. Atualmente, a documentação trabalhada é proveniente da Secretaria do Interior. Este trabalho nos coloca, estudantes de História, em contato com documentos inéditos de grande valor político, administrativo e educacional, que nos leva a indagações, tendo como fruto o presente trabalho. Por se tratar de uma primeira reflexão gerada a partir da documentação pretendemos chamar a atenção dos pesquisadores para as possibilidades de pesquisa em função da diversidade documental que vem sendo organizada pelo Projeto.
[3] Compreende-se que a importância dada a essas disciplinas nos currículos escolares articulou-se com as exigências e as necessidades próprias do desenvolvimento industrial e o processo de urbanização do país, momento em que ocorria a escolarização de diversos saberes sociais, com fim prático e objetivo.
[4] Ver BARBOSA, Rui. Lições de Coisas. In: Obras Completas de Rui Barbosa.
[5] A origem da instituição designada Escola Normal, no Brasil, a partir da primeira metade do século XIX, se deu em função da necessidade de profissionalizar o corpo docente nacional. Sua criação vem em decorrência da necessidade de uniformizar o sistema educacional do país, e a formação de professores capacitados fazia parte dessa reforma.
[6] É necessário ressaltar que a aplicação do método intuitivo não era novidade na segunda metade do século XIX. Segundo Schelbauer, foi nesta época, sobretudo por meio das Exposições Internacionais, dos Congressos Pedagógicos, dos Relatórios Oficiais, além dos compêndios e manuais de ensino, que o conhecimento em torno do ensino intuitivo foi colocado em circulação, associado à idéia de que ele se constituía em um instrumento capaz de reverter a ineficiência do ensino escolar e o método mais apropriado à difusão da instrução elementar entre as classes populares. Com esta roupagem, desembarcou na realidade brasileira como um saber pedagógico que traduzia as expectativas de renovação educacional que os intelectuais ilustrados acreditavam poder modificar o cenário da nação, modernizando-a por meio da educação. (Schelbauer, 2006:19).
[7] Na segunda metade do século XIX, no mundo ocidental, as discussões em relação aos métodos de ensino ocorridas nos congressos, conferências e exposições pedagógicas atingiram grande proporção, produzindo importantes inovações pedagógicas na escola. Nas Exposições Internacionais de Londres, de 1851 e 1862, a Inglaterra foi o grande exemplo de desenvolvimento artístico-industrial, copiada pelos países do Velho e do Novo Mundo interessados em seguir o modelo de desenvolvimento da então potência mundial. A partir de então, gradativamente, nota-se a influência dessas Exposições no Brasil, como se percebe no relatório do conselheiro Francisco Inácio Carvalho Moreira, em visita à Exposição de 1862.
[8] Não foi possível descobrir se eram realizadas aulas ao ar livre. Um estudo mais detalhado da documentação poderá esclarecer-nos.