Relatórios Ministeriais sobre a Academia Imperial das Belas Artes - 1881
transcrição de Arthur Valle e Camila Dazzi
Relatórios Ministeriais sobre a Academia Imperial das Belas Artes. Transcrição de Arthur Valle e Camila Dazzi. Texto com grafia atualizada, disponível em: http://www.dezenovevinte.net/
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BRASIL, MINISTÉRIO DO IMPÉRIO
MINISTRO RODOLPHO EPIPHANIO DE SOUZA DANTAS
RELATÓRIO DO ANO DE 1881 APRESENTADO À ASSEMBLÉIA GERAL LEGISLATIVA NA 2a SESSÃO DA 18a LEGISLATURA EM 29 DE MAIO DE 1882.
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ACADEMIA IMPERIAL DAS BELAS ARTES
No último Relatório deste Ministerio apontou-se a necessidade de fazerem-se no edifício da Academia Imperial das Belas Artes acréscimos cuja importância se calculava em 153:838$950. Tendo porém a Seção de arquitetura do mesma Academia procedido por ordem do Governo aos convenientes estudos a respeito daqueles acréscimos, apresentou novos planos, segundo os quais as obras reputadas necessárias são orçadas em 218:625$050. Anuindo à proposta do Diretor da Academia, autorizei-o, por Aviso de 18 de fevereiro, a mandar executar as obras mediante concorrência, conforme os planos e orçamento organizados pela referida Seção de arquitetura e sob a direção dela.
Não havendo lugar para as aulas do curso noturno enquanto durarem os trabalhos de construção que se vão fazer, permiti, por Aviso de 19 do mês passado, que as ditas aulas tivessem exercício de dia, prolongando-se suficientemente o tempo marcado para o serviço.
De acordo com o parecer da Congregação foi prorrogado por dois anos ao pensionista Rodolpho Bernardelli o prazo do seu aprendizado na Europa, como faculta o art. 9o das Instruções de 4 de novembro de 1865. Durante esse prazo deverá fazer um grupo de mármore e de tamanho natural, representando “Jesus Cristo e a mulher adultera”, cujo esboço enviou à Academia, e por esta foi aprovado.
Por Aviso de 27 do mês passado autorizei o Diretor da Academia a contratar o pintor Jorge Grimm para reger, enquanto convier ao Governo, a aula de paisagem,
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flores e animais, lavrando-se o contrato de acordo com o disposto no art. 19 da Lei n. 3.018 de 5 de novembro de 1880.
A pedido da Associação Industrial e com autorização do Governo, figuraram na Exposição Industrial, que ultimamente se efetuou no edificio da Secretaria da agricultura, comércio e obras publicas, doze quadros originais da escola brasileira, pertencentes à Academia, cuja Congregação declarou que tais quadros não concorreriam aos prêmios daquela Exposição.
A Baroneza de Taunay ofereceu à Academia o busto, em gesso, do notável pintor Nicolau Antonio Taunay, do Instituto de França, o qual com outros famosos artistas veio em 1816 fundar a mesma Academia e aqui foi professor. O busto [cf. Imagem] é obra do conceituado escultor francês F. F. Roubaud.
O cidadão francês Carlos Rochet, irmão do falecido escultor Luiz Rochet, autor da estátua eqüestre do Sr. D. Pedro I, possuindo o modelo em gesso, de mais de um metro de altura, que servira para a execução da mesma estátua, dirigiu-se à Legação Brasileira em Paris e manifestou o desejo de o ofertar ao Governo Imperial, caso este quizesse conservá-lo em algum estabelecimento público; atentas porém as dificuldades de transporte, propôs mandar fundir em bronze aquele modelo, correndo por conta do Estado as despesas da fundição e do transporte, calculadas em 1:500$000 no máximo. Recebida a comunicação desta proposta e aceita pelo Governo, expediram-se em agosto do ano passado as ordens convenientes para o pagamento das aludidas despesas. - Chegou ultimamente e determinei que fosse remetido à Academia esse bronze artístico [cf. Imagem], que é considerado de grande valia e primoroso trabalho.