O ATELIÊ MODERNO DE RAMOS DE AZEVEDO: O ESCRITÓRIO TÉCNICO E A CONSTRUÇÃO DO TEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

Richard Santiago Costa (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo: A presente proposta de comunicação parte do retrato executado pelo pintor Oscar Pereira da Silva, em 1929, intitulado “Retrato de Ramos de Azevedo”, pertencente ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Nele, podemos observar a atmosfera de austeridade e abnegação do engenheiro-arquiteto de maior influência na transformação do fazer arquitetônico paulista na passagem do século XIX para o XX. Tela de cores sóbrias, sem grandes concessões ao colorismo, na qual Ramos comparece compenetrado em seus múltiplos afazeres: ao mesmo tempo engenheiro, arquiteto, professor e bem sucedido homem de negócios. Oscar Pereira da Silva reformula, nesse retrato, a temática do ateliê do artista, ao juntar, em uma mesma composição, dois temas distintos: a representação do ambiente de trabalho do artista e o retrato.  A partir dessa constatação, propomos analisar as relações artísticas entre Ramos e seus colaboradores diretos na construção do Teatro Municipal de São Paulo nos primeiros anos do século XX, a saber Claudio Rossi e Domiziano Rossi. Sabemos, hoje, que Ramos teve um papel muito mais administrativo e fiscalizador desse empreendimento do que propriamente artístico. Claudio Rossi, cenógrafo renomado, fora, talvez, o maior idealizador daquele espaço, enquanto Domiziano, talentoso desenhista, riscara todo o projeto do teatro. Assim, a partir da constituição do Escritório Técnico Ramos de Azevedo, em 1907, formalizava-se o universo profissional que gravitava em torno de seu fundador. Pretendemos, com isso, analisar em que medida, apesar de não ser o único autor do referido projeto, Ramos conseguira dar uma grande unidade estilística às obras sob sua responsabilidade, tornando seu escritório, dessa maneira, em espécie de “ateliê” moderno.