O ATELIER DO ESCULTOR: IMAGENS E NARRATIVAS
Maria do Carmo Couto da Silva (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
- Universidade Estadual de Campinas)
Resumo: A proposta de nossa comunicação é abordar a imagem construída acerca da figura
do artista em seu atelier e, mais especialmente, aquela relativa ao escultor no
Brasil no fim do século XIX e começo do XX. Abordaremos em especial, os ateliês
do escultor Rodolfo Bernardelli, que estudamos em nosso doutorado, por meio de
fotografias e de outras fontes históricas, como o relato de escritores, alunos
e jornalistas que frequentaram aqueles locais.
Em sua juventude, Bernardelli montou um primeiro ateliê no coro da
Igreja da Candelária, no qual trabalhava o pintor Zeferino da Costa. Depois ele
transferiu-se para um grande barracão de madeira construído em um terreno
cedido temporariamente pelo governo, situado na Rua da Relação, no centro do
Rio de Janeiro, onde viveu por alguns anos. O ateliê de Bernardelli constituiu
um notável ponto de encontro de artistas e literatos a partir da década de
1880, e nele habitaram o irmão Henrique e outros pintores como Modesto Brocos e
Pedro Weingartner.
Em 1908, Bernardelli mudou-se com o irmão para sua casa e atelier
definitivo em Copacabana, onde viveu até sua morte. O palacete havia sido
projetado pelo arquiteto Raphael Rebecchi e tinha três andares. Foi demolido em
1934, depois que seus amigos e discípulos não conseguiram concretizar a idéia
da criação de um museu-casa dos dois artistas.
A nosso ver, o ateliê pode ser visto primordialmente como local de
trabalho, mas pode ser entendido também como espaço de interação social, para
receber outros artistas, assim como jornalistas e clientes. É nele que se
consolida a imagem do artista.
O atelier do escultor tem ainda outra função importante nesta época, que
é a promoção e a preservação da sua produção artística, de seus desenhos,
esboços e maquetes, e será analisado em nossa comunicação em confronto com
representações contemporâneas de artistas estrangeiros..