O AUTORRETRATO DO ARTISTA NO ATELIÊ

Luciano Migliaccio (FAU/USP)

Resumo: A representação do ateliê do artista acompanha o debate sobre o seu status social e o das artes plásticas no sistema de organização social do saber. No começo da Renascença, o escultor é representado no seu ateliê ao lado do mestre pedreiro e do carpinteiro. Um marco para o surgimento de uma nova interpretação do iconografia pode ser considerada a comparação entre o ateliê do pintor e o do escultor escrita por Leonardo com a finalidade de relegar e escultura no campo das artes manuais. O escultor florentino Baccio Bandinelli executaria cinco autorretratos no ateliê, entre desenhos e pinturas, se representando como mestre e como virtuose, lidando com o estudo das obras antigas e das maquetes, no contexto da polêmica sobre o caráter liberal da pintura e da escultura. Desde então, os artistas irão encenar a sua auto-representação no ambiente do trabalho como reflexão sobre a própria figura do artista. A análise destas imagens permite compreender melhor o significado do gênero do autorretrato no ateliê que terá grande fortuna até a primeira metade do século XX, e a sua re-proposição no Brasil.