RUE VAL DE GRACE: O ATELIÊ DE ANTÔNIO
PARREIRAS EM PARIS
Lúcia Klück Stumpf (PPGAS/USP)
Resumo: Foi em Niterói, sua cidade natal, que o pintor Antônio Parreiras
(1860-1937) construiu, em 1895, o palacete projetado por Ramos de Azevedo que
lhe serviria como residência e como ateliê até o fim de sua vida. São inúmeros
os registros fotográficos deixados pelo próprio pintor - atualmente parte do
acervo do Museu Antônio Parreiras - que demonstram os usos deste espaço para
criação artística e como palco de encontros com seus pares. Porém parte
significante das telas de Parreiras foram pintadas não em Niterói, mas em
Paris. É na capital francesa que o artista fixa ateliê entre os anos de 1906 e
1922, período especialmente dedicado às pinturas de história e nus femininos.
Na presente comunicação discorrerei sobre as representações dos ateliês
de Antônio Parreiras em Paris.[1] Valendo-me de
fotografias pertencentes a arquivos diversos e de outros registros, como cartas
e artigos publicados em periódicos, pretendo refletir sobre como o artista
valeu-se destes espaços no agenciamento de sua imagem e suas obras no Brasil.
Examinarei os usos que o artista fez do ateliê quando de sua estadia na França,
ora como marcador de sua “brasilidade”, ora como espaço de sociabilidade entre
artistas brasileiros residentes em Paris.
__________
[1] Em Paris Parreiras teve ateliê em três
endereços diferentes. No primeiro, sito à Rue Boissonade, 30, o pintor
permaneceu entre os anos 1906 e 1910. No segundo, na Rue Le Goff, ficou por
apenas um ano, até 1911. Foi no estúdio da Rue Val de Grace, 6, que o artista
fixou-se por mais tempo, entre os anos 1911 e 1922.