O ESPAÇO ABERTO COMO ATELIÊ DO ARTISTA: A PINTURA AO AR LIVRE E O GRUPO
GRIMM
Helder Manuel da Silva de Oliveira (Unicamp; PUC-Campinas)
Resumo: A presente proposta visa analisar o impacto da pintura en plein air
nas práticas artísticas como continuação da atuação do artista no atelier
(espaço fechado), tendo como caso exemplar o Grupo Grimm e sua produção no
século XIX no Brasil.
A atuação do Grupo Grimm, no final dos oitocentos, é comumente citada
como um frescor na pintura brasileira, por acompanhar a tendência internacional
de deslocar a atuação do pintor para fora do ateliê, estudando e/ou executando
obras sobre os efeitos luminosos e atmosféricos in loco.
A prova de inovação do grupo pode ser identificada na Exposição Geral de
Belas Artes (EGBA), realizada em 1884. Neste evento vários membros do Grupo
Grimm ganharam prêmios. A repercussão da crítica de arte do período foi positiva,
o que corrobora para um olhar favorável sobre essa nova interpretação de cor e
luz trazidas pela prática de pintura ao ar livre em solo nacional.
As experimentações trazidas por Grimm, e vivenciadas em seus discípulos,
envolviam, além da prática de uma pintura que buscava o seu motivo ao ar livre,
uma espécie de novo olhar sobre a cidade do Rio de Janeiro, abandonando - e
confrontando - a tradicional representação da iconografia da Baía de Guanabara
e da pintura histórica de paisagem em prol de recantos de praia ou mata em
locais mais afastados.
A busca por novos temas em espaço aberto obriga o artista a mudar sua
maneira de lidar com a tinta e com a pincelada, para assim captar as impressões
daquele momento para a tela. Não tendo um modelo prévio a seguir de como fazer
uma paisagem, o artista tem que lidar com novas maneiras de pensar e executar o
seu ofício. Deste modo, ao estabelecer essa prática como método de trabalho que
exercita suas habilidades diante da natureza, Grimm e o grupo de pintores à sua
volta, que incluíam os nomes de Domingos Garcia y Vazquez,
Giovanni Castagneto, Hipólito Caron,
Antonio Parreiras, França Júnior e Francisco Ribeiro,
tornaram-se um exemplo de renovação das discussões técnicas, temáticas e
teóricas sobre a produção paisagística brasileira.