ALMEIDA REIS E O ATELIER ESCULTÓRICO NO BRASIL IMPERIAL

Alberto Martín Chillón (Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Fundação Biblioteca Nacional)

Resumo: "E aqui e alli, tamboretes sustendo caixões com gêsso e barro, modelos e esboços em prateleiras e no chão; e a um canto, fragmentos de estatuas, destroços de altos relevos atirados á poeira" ("Artistas do meu tempo", Mello Moraes Filho, 1904). Com estas palavras, Mello Moraes Filho descreve o ateliê do escultor carioca Cândido Caetano de Almeida Reis, uma das poucas testemunhas dos ateliês escultóricos brasileiros imperiais, grandes desconhecidos dos que apenas restam não só registros fotográficos quanto descrições literárias, diante do mais amplo registro e documentação dos ateliês pictóricos. Um caso excepcional é o ateliê escultórico de Almeida Reis, descrito por Luis Gonzaga Duque-Estrada e também por Mello Moraes Filho, que estudaremos detalhadamente, e que se constitui não só como um centro de criação artística, mas também como um centro de reunião e discussão, um centro cultural onde coabitavam pintores, escultores, escritores e os mais diversos intelectuais. No entanto, talvez uma de suas caraterísticas mais importantes é seu caráter educativo, com a criação de Acropolio, um estabelecimento de Belas Artes, um ateliê de pintura, arquitetura e escultura, criado junto a António Araújo de Souza Lobo e José Rodrigues Moreira. Partindo de Almeida Reis, realizaremos uma aproximação aos ateliês escultóricos do Rio de Janeiro durante o Império, traçando um mapa dos mesmos: suas localizações, seus ocupantes, seus papeis e funções e sua evolução, destacando as caraterísticas próprias desta arte e suas diferenças em relação aos ateliês pictóricos.