ASPECTOS DA RECEPÇÃO DA ARTE PORTUGUESA DE FINS DE OITOCENTOS E INÍCIO DE NOVECENTOS NO RIO DE JANEIRO REPUBLICANO

Arthur Valle (DArtes/UFRRJ)

Resumo: Na conjuntura do Brasil pós-colonial, um renovado interesse pelas artes de Portugal, evidente já a partir dos anos finais do Segundo Reinado, parece receber um importante incremento após a proclamação da República, em 1889. Para o melhor entendimento desse interesse, uma fonte importante são os artigos impressos em periódicos do Rio de Janeiro, que tratam da recepção da obra de artistas portugueses de fins de Oitocentos e início de Novecentos, que, por diferentes vias, circularam pela cidade. Em seus textos, escritores anônimos ou conhecidos, como Adalberto Pinto de Mattos, Eduardo Salamonde e Gonzaga Duque, registraram os diversos significados (econômicos, estéticos, políticos...) associados à exibição da produção artística portuguesa em terras cariocas.

Na presente comunicação, proponho a discussão de aspectos que julgo notáveis dessa recepção da arte portuguesa no Rio de Janeiro das primeiras décadas republicanas. Dispensarei uma atenção especial à participação de obras portuguesas nas Exposições Gerais de Belas Artes e, sobretudo, a mostras que contaram com a efetiva presença dos próprios artistas portugueses, como foi o caso de, entre outras, a promovida por Raphael Bordallo Pinheiro, à Rua do Ouvidor, em 1899; a de José Malhoa, no Gabinete Português de Leitura, em 1906; a de Antonio Carneiro, na Galeria Jorge, em 1914; ou a de Alfredo e Helena Roque Gameiro, também no Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, em 1920.