ELEMENTOS FUNCIONAIS E ORNAMENTAIS DA ARQUITETURA ECLÉTICA PELOTENSE: 1870-1931. ESTATUÁRIA

Carlos Alberto Ávila Santos (UFPEL)

Resumo: No ano de 2007, defendi tese intitulada “Ecletismo na fronteira meridional do Brasil: 1870-1931” no Doutorado em Arquitetura e Urbanismo - Área de Conservação e Restauro - da FAUFBA, Salvador. No ano de 2008, ao retornar às minhas atividades como professor no Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, organizei grupos de pesquisa de iniciação científica com o objetivo de investigar elementos funcionais e ornamentais agregados às caixas murais ou aos frontispícios dos prédios ecléticos de Pelotas: ferragens; estuques; estatuária; portas e pára-ventos; proprietários das construções. Os resultados parciais das diferentes pesquisas foram disponibilizados em site criado junto à página da UFPel e, os resultados finais estão sendo organizados em livro que será publicado ainda neste ano de 2012, comemorando os duzentos anos da cidade de Pelotas.

São as resultantes de uma dessas investigações que proponho comunicar no Evento: a estatuária agregada aos frontispícios dos prédios. O objetivo da pesquisa foi identificar as origens e os significados dessas esculturas e de seus atributos, assim como os materiais empregados para a sua manufatura. Buscou-se estabelecer relações das imagens escultóricas com aquelas produzidas por outras culturas. Nossas conclusões apontam para uma maior representação de estátuas relacionadas com a mitologia greco-romana, de alegorias das estações do ano e dos continentes, moldadas em massa de cimento ou executadas em faiança. Esses elementos ornamentais estavam atrelados às funções iniciais dos prédios e às ideologias de seus proprietários.

Um dado significativo para o estudo foi o contato, via Internet, com a pesquisadora portuguesa Ana Maria Portela. Seu trabalho de doutorado recuperou a história da Fábrica de Cerâmica Devesas, localizada em Villa Nova de Gaya, em Portugal. A manufatura foi um importante complexo industrial que comercializava artefatos de faiança com o Brasil e com Pelotas. A pesquisadora forneceu, para nossa consulta, parte do catálogo produzido pela fábrica em 1910, onde encontramos esculturas semelhantes e outras idênticas àquelas existentes nos prédios pelotenses. O catálogo confirmou muitas das nossas especulações iconográficas. Acreditamos que grande parte das estátuas ornamentais dos edifícios pelotenses seja originada da indústria portuguesa.