Resumo: Pensar a gravura integrada ao campo artístico nos leva à história moderna da gravura no Brasil que se inicia com Carlos Oswald (Florença, 1882 / Rio de Janeiro, 1971). Com atuação vigorosa no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, a partir de 1914, Oswald conjugou o interesse institucional do Liceu de integrar os ofícios com as artes, visão esta que apostava na gravura como métier, e sua proposta de divulgar a gravura como forma expressiva. Esse clima de tensão constante marcou a gênese do processo de formação de artistas gravadores, no Rio de Janeiro. Posteriormente, outros ateliês seriam criados no Rio, voltados para a compreensão da gravura como instrumental técnico para a criação artística, dos quais a ativação da gravura nos anos 1950 e 1960 é tributária. No continente europeu, por alguns séculos, a gravura era praticada e valorizada como técnica multiplicadora o que acusava um interesse centrado em seus aspectos artesanais. Certamente Rembrandt, Goya vão além desse limite. Na segunda metade do século XIX, quando processos fotomecânicos de impressão passaram a ser incorporados à reprodução de imagens, formaram-se grupos de artistas, constituindo as Sociedades dos Aguafortistas (1862) e dos Pintores Gravadores Franceses (1889), interessados em destacar, cada vez mais, as possibilidades expressivas da gravura, através das técnicas mais tradicionais da madeira e do metal. Fizeram parte destas Sociedades artistas como Manet, Daumier, Dégas e Pissaro. Carlos Oswald fora tocado pelas propostas dos movimentos europeus empenhando-se, quando de seu retorno da Europa, na divulgação de técnicas de gravura integradas às propostas plásticas dos artistas. Tal integração vai imprimir ao papel do gravador e à sua forma de expressão um caráter moderno.
Palavras-Chave: Gravura moderna brasileira; Carlos Oswald; Séc. XIX/XX