Marize Malta (EBA/UFRJ)
Resumo: As casas na cidade do Rio de Janeiro no século XIX, principalmente da segunda metade em diante, representaram um modo diferente de pensar seus espaços interiores. A ambientação doméstica, de um modo geral, passou a ser identificada como decoração. Tal situação promoveu olhares interessados e especializados para imagens interiores. Uma das vias de acesso à construção desse olhar encontrou campo fértil nas revistas ilustradas.
Ao mesmo tempo em que ao leitor era oferecido algo aceitável e desejável, procurava-se incutir-lhe novos padrões de gosto, novos valores culturais que lhe propiciassem conquistar uma nova imagem, capaz de afirmar a eficácia dos discursos vendidos naquelas folhas de fácil consumo. Para os fiéis leitores havia um comprometimento dos editores e colaboradores de deixá-los atualizados com o que de mais moderno e elegante circulava nos grandes centros urbanos e nas rodas mais elegantes da sociedade cosmopolita. Mais do que uma distração, as revistas eram atualizadoras contínuas de fatos e idéias, suportes de referências que balizavam escolhas e comportamentos. No caso das colunas direcionadas à decoração, poderíamos considerá-las manuais condensados e ligeiros e que jamais estaria além ou aquém do ideal para ser aplicado às casas do momento.
Em revistas como A Mensageira, A Estação, Brazil Elegante e Revista da Semana, entre outras, podemos observar as orientações prescritivas para o lar e o quanto suas imagens e textos atuavam como expectativas visuais porta adentro, auxiliando a modelar identidades e a demarcar a predisposição para um novo olhar.