Maria do Carmo Couto da Silva (IFCH/UNICAMP)
Resumo: Nos primeiros anos do século XX, o prefeito Pereira Passos foi responsável por uma grande restruturação da cidade do Rio de Janeiro: as ruas alargaram-se, o porto foi reformulado, criaram-se grandes avenidas, que foram iluminadas por meio de postes candelabros. Ocorreu a retirada da população mais pobre das áreas centrais, gerando revolta.
Um Concurso de Fachadas foi promovido pela Comissão Construtora da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, e a prefeitura tornou obrigatória a pintura e a limpeza das frentes das casas. Abriram-se novos lugares de sociabilidade para as classes abastadas, como modernos cafés e praças ajardinadas. A cidade ganhou ainda um novo e importante teatro.
O escultor Rodolfo Bernardelli (1852-1931), enquanto diretor da Escola Nacional de Belas Artes, integrou em 1904 a Comissão julgadora das fachadas dos edifícios da Avenida Central e também a dos projetos para o Teatro Municipal. Entretanto sua participação mais direta nas obras públicas realizadas na cidade naqueles anos pode ser vista na criação de um Lampadário Monumental para o Largo da Lapa e na execução das estátuas que ornamentam o Teatro Municipal.
É dentro deste ambiente que o escultor criou um projeto para a ornamentação do Chafariz do Largo da Carioca, não executado. Procuramos reconstituir, a partir de dados dispersos, como teria sido a proposta do artista. Nosso objetivo principal é entender de uma forma mais ampla a inserção de Rodolfo Bernardelli, em sua atuação e obras, na criação do imaginário cultural e político da República Velha.