O ENSINO ACADÊMICO E O AMBIENTE ARTÍSTICO NO RIO DE JANEIRO ATRAVÉS DAS EXPOSIÇÕES GERAIS
Cybele Vidal Neto Fernandes (EBA/UFRJ - Departamento de História e Teoria da Arte / Programa de Pós-Graduação Em Artes Visuais)
Resumo: O ensino artístico da Academia Imperial das Belas Artes colocava-se em xeque por ocasião das Exposições Gerais, principal termômetro da produção artística e do gosto no período. Ali eram expostas obras de professores e alunos e de artistas independentes, nacionais ou estrangeiros, que desejassem participar. Além disso, algumas coleções particulares eram expostas, com significativas obras europeias, o que também contribuía para a formação do gosto. Dentro da Academia formavam-se as diversas comissões - Pintura, Escultura, Arquitetura, Gravura, Desenho, Fotografia, outras - encarregadas de selecionar e realizar os julgamentos referentes às premiações.
Aos poucos, os discursos críticos, exercidos por intelectuais das mais diferentes áreas de formação, iam surgindo nos jornais e revistas, orientando e posicionando o público em relação à produção da Academia, seus artistas, sua situação sócio-política frente aos novos desafios do período. A participação do público podia também ser medida na contagem diária das presenças, cada vez mais numerosas, anotadas cuidadosamente pelos jornais da época. A abertura solene, na presença do imperador, os dias de visitas de autoridades, eram acompanhados de perto por aqueles interessados pelo mundo das artes.
A atuação paralela do Liceu de Artes e Ofícios iniciou também uma forma de contribuição: a instituição tinha uma filosofia que se voltava para a formação de artesãos e iniciação, no campo das artes, daqueles que almejavam o ingresso na Academia Imperial. Dessa forma, estimulava também a atividade artística e despertava a simpatia de autoridades e artistas para diversas modalidades de apoio e participação. Nesse contexto, considerando que as Exposições Gerais exerceram um importante papel no rumo das artes do Brasil, na segunda metade do século XIX, pretendemos refletir sobre a sua filosofia, estrutura e organização, sistema de premiações, participação estrangeira, relações com o ensino artístico da AIBA. Para tanto, serão analisados, em especial, os acervos artísticos e arquivísticos do Museu D. João VI/EBA/UFRJ e do MNBA, assim como a crítica de época referente às Exposições Gerais.