A ACADEMIA DE BELAS ARTES E OS DEBATES ARTÍSTICOS ENTORNO DA SUA REFORMA: OS DIFERENTES PROJETOS E SUAS PROPOSTAS

Camila Dazzi (EBA/UFRJ; CEFET/RJ-UnED Nova Friburgo)

Resumo: As décadas finais do século XIX foram marcadas pelo descontentamento de uma significativa parcela de artistas e intelectuais, em relação a maneira como o ensino artístico era conduzido no interior das Academias. Em um período marcado por uma busca cada vez maior de individualidade, originalidade e autenticidade na produção da arte, o ensino acadêmico parecia, ao menos para um grupo, possuidor de uma série de princípios definidos e regras fixas que inibiam os jovens artistas de desenvolverem uma produção pessoal. A insatisfação com o ensino acadêmico não ocorreu somente na Europa, chegando a insuflar debates e propostas também aqui no Brasil. O trabalho proposto tem como função apresentar os diferentes projetos e propostas, formulados entre 1889 e 1890, com o objetivo de reformar a Academia das Belas Artes do Rio de Janeiro, a principal instituição de ensino artístico do país. Dentre os nomes envolvidos se encontram membros de vulto do nosso cenário artístico, como Pedro Américo, Rodolpho Amoedo, Rodolpho Bernardelli, Pardal Malllet e Décio Vilares. Pretendemos explanar as suas propostas, apontando sua inserção nos debates culturais e políticos do período, assim como as trasladação e adaptação de modelos de ensino artístico europeus. O trabalho se propõe, ainda, rever a fortuna crítica existente sobre o Projeto Montenegro, que goza atualmente de uma singular importância na historiografia de arte brasileira, mostrando que o seu caráter eminentemente utópico inviabilizava a sua concretização no período turbulento que marcou a transição do Império para a República.

Palavras-chave: Escola Nacional de Belas Artes; Ensino Artístico; Modernidade.