O ANTIGO RENASCE E SE ATUALIZA NO MODERNO”: A EXPERIÊNCIA ECLÉTICA DE UMA ARQUITETURA EGIPCIZANTE NO RIO DE JANEIRO

Renato Menezes Ramos (UERJ)

Resumo: A marcada busca por uma rememoração de um passado, forte característica do Ecletismo, se torna paradoxal quando aplicada ao contexto brasileiro da prática revivalista. Isto porque bem como se ausenta a ideia de uma possível herança da Antiguidade Oriental, deve-se ressaltar também a ausência de um passado Greco-Romano. Este, contudo, passa a encontrar seu espaço devido ao modelo de ensino europeu aqui instalado, carregado destas influências, o qual se manteve por quase todo o século XIX e parte do século XX nas Academias, oferecendo o lugar do exótico a toda tipologia de origem oriental, incluindo a egípcia.

Tratando do Ecletismo enquanto uma prática, deu-se como instituído (no que se refere à Academia) que revivalismos estilísticos deveriam estar vinculados a programas arquitetônicos pré-estabelecidos, de acordo com uma lógica associacionista da arquitetura deste período (transição do século XIX para o XX), entretanto, esta concepção não corresponde às manifestações ocorridas em áreas não nobres da cidade ou mesmo em edifícios de menor relevância no circuito arquitetônico-urbanístico.

Inevitavelmente inserido nesse amplo conjunto de manifestações ecléticas, o sobrado popularmente conhecido como “Neo-egípcio”, localizado no bairro Santo Cristo, corresponde a um autêntico exemplar que assume claramente à tipologia que o nomeia. O Egito faraônico nos convida a conhecê-lo e a apreciá-lo, concretizando-se como edifício, que apesar de seguir um simples programa arquitetônico (possivelmente já modificado), possui uma ornamentação extremamente peculiar, hoje concentrada em sua fachada.

A partir da análise histórica e formal desse edifício, a comunicação se alicerçará em três pilares: A presença de artifícios da História para a composição ornamental principal, definindo a decoração atualmente concentrada em sua fachada, como já foi dito; a modernidade material, tendo como objetos de reflexão, as quatro colunas de ferro presentes em seu interior; e por último, o resquício colonial, sobretudo em sua planimetria, constituída em lotes estreitos e profundos sem afastamentos laterais, ainda muito comum nesse período.

Portanto, o objetivo desta comunicação será tratar da apropriação egípcia na Arquitetura Eclética carioca como ferramenta de produção do novo e, consequentemente, a provocação da sensação de inusitado, muito frequente neste período. Embutido nisto, está a conscientização do patrimônio eclético carioca, posto de lado durante um significativo momento na história, revalorizado recentemente.

Palavras-chave: Arquitetura Eclética; Apropriação Egípcia.