Letícia Squeff (UNIFESP )
Resumo: É bastante conhecido que o Império brasileiro teve, como um de seus símbolos mais destacados o indígena “brasileiro”. Representado tanto na versão masculina quanto feminina, o índio foi cantado em verso e prosa, representado em diversos meios, da grande tela à óleo de Vítor Meireles às caricaturas de Ângelo Agostini, sendo mote de um movimento literário de profundo impacto na cultura brasileira, o indianismo.
Nesta oportunidade, pretendo discutir uma imagem que participa desse amplo ciclo, a litografia “Alegoria a d. Pedro I”. Divulgada em 1824, como comemoração à outorga da constituição, a imagem associa a figura do jovem imperador à de uma encantadora e apaixonada índia. Tendo essa imagem como ponto de partida, pretendo discutir alguns aspectos da transformação que a iconografia da América - desde o século XVI representada como uma índia - sofre ao ser reformulada no contexto do Brasil nação.
Se inicialmente a figura da índia se referia a um território selvagem e ameaçador - o chamado “Novo Mundo”, de acordo com a terminologia europeia - ela paulatinamente começa a se revestir de novos significados. Nas mudanças da representação da índia pode-se acompanhar o processo de transformação da América colonial em Império, consubstanciado na ideia de uma “pátria” peculiar.
Palavras-chave: D. Pedro I; Indianismo; Iconografia da América.