Dalmo de Oliveira Souza e Silva (Universidade Metodista de São Paulo)
Resumo: Nascido em Alagoas, Teixeira da Rocha transfere-se para a capital do Império, após a morte de seus pais, em 1870, a fim de estudar, primeiro, no Liceu de Artes e Ofícios e depois na Academia Imperial de Belas Artes, onde foi aluno de Vitor Meirelles e José Maria Medeiros, por volta de 1881. Sua primeira exposição ocorreu em 1884 e em 1887 concorreu ao prêmio de viagem, ao lado de Oscar Pereira da Silva, Hilarião Teixeira, Pinto Bandeira e Eduardo de Sá. Nesse concurso, os cinco candidatos finalizaram empatados. Foi apenas em 1900 que Teixeira da Rocha viajou, com seus próprios recursos, para Paris, onde estudou com Jean-Paul Laurens e Benjamin Constant. Sua colaboração com caricaturista se deu no Monóculo, em 1884, e na Vida Fluminense, no período de 1889 a 1900. Na Vida Fluminense realizou seus melhores trabalhos no gênero, transformando-se, segundo Rubem Gill, no “caricaturista da República”[1]. Seus desenhos diferenciam-se pela vivacidade da composição e pelo traço pessoal e vibrante. A revista Vida Fluminense, da qual foi um dos fundadores, refletiu o espírito da transição política entre o Império e a República. Os desenhos de Teixeira da Rocha, feito stanto com pena como a esfuminho, são de uma precisão técnica impressionante. Do mesmo modo eram notáveis os retratos publicados na revista de personalidades políticos do período. A litogravura também estava entre as linguagens adotadas por Teixeira da Rocha. As composições mostravam uma fluidez de tons com leveza de sfumato notável. Suas composições satíricas e portrait-charges foram registradas, em 1907, na revista Tan-Tan. Após o término do curso da Escola de Imperial de Belas-Artes, o artista tornou-se professor da Escola Naval. A pedido de Ramiz Galvão, Teixeira da Rocha organizou o ensino de desenho das escolas de segundo grau do Rio de Janeiro. Docente da Escola Normal, em 1897, e do Colégio Militar, em 1902. A aposentadoria chegou em 1928, quando foi atingido pela ação compulsória. A conciliação entre a docência e o exercício da pintura sempre acompanhou o cotidiano do artista. Na Exposição Universal de Paris de 1889, aos 26 anos de idade, Teixeira da Rocha recebeu medalha de ouro - a distinção mais elevada recebida por um brasileiro em eventos internacionais até àquela época. No Salão de 1898, recebeu também uma medalha de ouro de terceira classe, por seu esboço A Lei de 28 de Setembro e um grupo de paisagens. O gênero paisagem na produção de Teixeira da Rocha é decorrência direta dos ensinamentos acadêmicos e dos avanços nos materiais e da técnica da pintura do período. As inovações técnicas, como a procura de uma luz tropical diferentemente do que acontecia com os demais contemporâneos como Decio Villares, Prisciliano Silva, Rosalvo Ribeiro, Benedito Calixto, etc. A sua palheta é condensada de elementos pictóricos que atestam a maestria de um artista que recebeu a herança dos mestre da Academia Imperial de Belas Artes, seja na fatura seja na escolha de tema e consequentemente a paisagem foi a sua escolha preferida.
Palavras-chave: Pintura acadêmica; Paisagem; Século XIX.
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[1] FREIRE, Laudelino. Um século de Pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil: de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.