GUTTMANN BICHO

(Petrópolis, Rio de Janeiro 1888 - Rio de Janeiro, 1955)

por Arthur Valle

Nascido em Petópolis, Galdino da Costa (Guttmann) Bicho passou a infância em Sergipe, vindo a residir no Rio de Janeiro, onde iniciou-se artisticamente no Liceu de Artes e Ofícios. Durante vários anos, Bicho trabalhou como assistente do retratista francês radicado no Brasil August Petit, com o qual adquiriu uma sólida formação profissional. Frequentou como aluno livre a Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de, entre outros, João Zeferino da Costa e Eliseu d’Angelo Visconti. A literatura artística da época registra ter sido Gutmann Bicho um espírito inquieto, polêmico, elemento ativo na vida artística carioca no princípio do século, sobretudo antes do predomínio das tendências modernas.

Nas Exposições Gerais, Bicho obteve menção honrosa (1906), pequena medalha de prata (1912) e o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro (1921, com o quadro Panneau decorativo). Na Europa, fixou-se em Paris, mas também passou uma temporada em Lisboa, onde realizou uma exposição particular que obteve boa repercussão. De volta ao Brasil em 1924, conheceu um período de relativa consagração, conquistando na Exposição Geral de 1925 a medalha de ouro. Continuaria participando do certame - então com o nome de Salão Nacional de Belas Artes – até 1954, quando recebeu o Prêmio de Viagem pelo Brasil, embarcando para o Maranhão, estado que lhe forneceria o tema para suas derradeiras paisagens.

Retratista muito admirado, foi também autor de naturezas-mortas e numerosas pinturas de paisagem; nestas últimas, utilizou frequentemente a técnica divisionista, procedimento pela qual é hoje em dia mais lembrado. Espírito polimorfo, Gutmman Bicho projetou ainda prédios, hospitais e barcos, e foi praticante assíduo da arte da cerâmica, que lecionou em um curso por ele mesmo criado em 1947 na Escola Técnica Nacional do Rio de Janeiro e que foi um importante foco de ensino dessa técnica, então ainda pouco difundida no meio artístico brasileiro.

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