Arte e técnica: formação e obra do engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Sousa
Wolney Unes *
UNES, Wolney. Arte e técnica: formação e obra do
engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Sousa 19&20, Rio de Janeiro, v.
XVI, n. 2, jul.-dez. 2021. https://doi.org/10.52913/19e20.xvi2.07
* * *
A
profissão
1. A construção é uma das profissões mais
antigas do planeta. As referências são inúmeras: no mito bíblico da Torre de
Babel, são construtores que edificam o monumento; no Egito Antigo, construtores
formavam uma classe especial, com o privilégio de ser investida de
conhecimentos secretos. Desde essa época, a categoria dos construtores era como
que uma seita. Já então, ser construtor era mais que apenas uma profissão, era
um modo de ver a vida.
2. Na
Grécia antiga, os profissionais encarregados de construir recebiam o título de arquiteto,
literalmente “técnico chefe.” Mas cabe aqui ressalva acerca do termo técnica,
que pode assumir múltiplos significados. O termo nos chegou por meio
do latim, que por sua vez o tomou do substantivo grego tekhné.
O termo grego era utilizado para designar a boa prática numa determinada
atividade. Um artífice, um artesão, como também um agricultor ou um vinicultor,
todos tinham sua tekhné. Mas a coisa
fica ainda mais interessante se retrocedermos um pouco até a mãe das línguas
ocidentais, o protoindo-europeu: ali existia um termo semelhante, *tecs, que designava o ato de formar uma trama a
partir de fibras, em uma palavra, tecer (VIARO, 2014).
3. Por extensão, a tecelagem indo-europeia deu
origem ao próprio ato de fabricar algo a partir de uma determinada
matéria-prima. E eis que surgem significados como texto (aquilo que foi
tecido a partir de palavras como matéria-prima) e têxtil (aquilo que foi
tramado a partir de fibras como matéria-prima). Palavras como tecido,
tecnologia, tectônico são todas tributárias ainda dessa origem, que em um
sentido lato indica o próprio ato de construir, fabricar algo. O arquiteto é,
portanto, o grande construtor, o mestre da arte de tecer uma trama, por
complexa que seja, a partir da matéria-prima disponível, qualquer que seja ela.
Esse conceito está ainda evidente na expressão “grande arquiteto do Universo”
como paráfrase para deus, o criador, utilizada em vários textos do
Cristianismo.
4. Já o termo engenheiro só apareceu por volta
de 1500, usado para referir-se ao especialista em um exército em lidar com
engenhos bélicos. Os primeiros profissionais a receber o título de engenheiro
ocupavam-se, portanto, de calcular a rota de um projétil, de erigir uma
fortificação ou improvisar uma ponte para a passagem da infantaria (BUCHHEIM,
1990).
5. Aos poucos, os engenheiros acrescentaram à
sua competência, além de pontes e obuses, outros engenhos não militares.
Finalmente, por volta de 1800, surge a designação engenheiro civil para
mostrar que não trabalhava para o exército aquele profissional que projetava e
construía. Hoje os engenheiros militares praticamente desapareceram, mas a
diferenciação do termo engenheiro civil consagrou-se para o profissional
construtor.
6. Olhando a palavra engenho mais de
perto, ela esconde a raiz gen, com o
significado de fazer nascer, como em gênese. Engenho era, portanto, algo
presente na própria gênese de um ser, inato, não adquirido. Com o tempo, por
metonímia, a engenhosidade inata tornou-se sinônima do próprio fruto da
habilidade (o engenho) e por fim o engenheiro passou a designar aquele
que coloca em prática sua habilidade inata.
7. São duas palavras, dois caminhos que se
encontram, portanto, no ato de construir. Se o arquiteto é aquele que sabe
elaborar uma trama a partir de uma matéria-prima, o engenheiro é aquele que faz
uso de sua habilidade. Juntas, as duas palavras têm em comum o produto final, a
criação por interferência direta do ser humano, em oposição ao natural.
A
formação
8. D. João VI, rei de Portugal, ao chegar ao
Rio de Janeiro fugindo das tropas napoleônicos em 1808, decepciona-se com o
ambiente da cidade. De modo a aplacar o descontentamento real em seu exílio, a
partir de 1816 passa a chegar à cidade uma comitiva de artistas franceses, com
o objetivo de cultivar e disseminar a prática artística europeia na colônia, e
assim criar o ambiente de que o rei tanto se ressentia (SCHWARCZ, 2010).
9. A chegada desse grupo culminou, entre outras
iniciativas, na criação de uma instituição de ensino, a Escola Real de
Ciências, Artes e Ofícios. Ali, o grupo de franceses, com o apoio da corte,
delineou um centro de formação artística, com cursos como arquitetura, pintura,
desenho e música. Após muitas idas e vindas, em 1826 e renomeada Academia
Imperial de Belas Artes, a instituição instalou-se em sua sede própria, em
edifício projetado por um dos integrantes do grupo, o arquiteto Grandjean de Montigny. Entre os primeiros professores
estavam os pintores Nicolas-Antoine Taunay, seu filho Félix-Émile
Taunay, Jean-Baptiste Debret e o próprio Montigny, entre outros.
Passaram por ali estudantes que se tornariam nomes relevantes nas artes
brasileiras, como Vítor
Meireles, Pedro
Américo e Rodolfo
Amoedo, criadores de algumas das imagens mais
icônicas da nação (TAUNAY, 1956). Ao longo do séc. XIX, a instituição foi
referência na formação de artistas no País e serviu de modelo para várias iniciativas
semelhantes em outras partes do Império, como o Liceu de Artes e Ofícios
de São Paulo (1873).
10. Com o
advento da República, a escola muda seu programa de ensino e seu nome,
tornando-se a Escola Nacional de Belas Artes. Em
1908, a Escola abandona o antigo edifício de Montigny (que seria demolido em
1938) e passa a ocupar o imponente edifício na Av. Rio Branco, atual sede do
Museu Nacional de Belas Artes. Finalmente, a partir de 1931, a escola
incorpora-se à recém-fundada Universidade do Rio de Janeiro, mais tarde
Universidade do Brasil (1937) e atual Universidade Federal do Rio de Janeiro
(TELLES, 1994).
11. Foi
nessa época que Jorge Félix de Sousa frequentou seu curso, entre 1928 e
1933, já no novo
prédio da Av. Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro.
Um
engenheiro-arquiteto
12. Jorge
Félix de Sousa formou-se em uma época conturbada da Escola, marcada pelo embate
entre grupos que intentavam abandonar práticas correntes, consideradas
antiquadas, e modernizar o ensino. Nomes como Lúcio
Costa, diretor da Escola entre 1930 e 1931, buscavam incentivar o
Modernismo, abandonando o que consideravam academicismos. É nessa época que
surge, por exemplo, a cadeira de Urbanismo, uma inovação na época.
13. De
modo geral, a técnica começava a se impor cada vez mais na formação da
arquitetura. Já na legislação de criação da Universidade do Brasil, em 1937
(Lei nº 452, de 1937), estava prevista a criação da Escola Nacional de
Arquitetura separada das chamadas belas-artes. Mas apenas em 1945 é que
ocorreria a consolidação dessa separação entre as belas-artes e a arquitetura,
que passam a ser ensinadas em escolas específicas: a Escola de Belas Artes e a
então Faculdade Nacional de Arquitetura (organizada pelo Decreto 7.918, de
1945), ambas atualmente integrantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O que estava aqui em jogo nessa transição é um dilema ainda hoje presente na
formação em arquitetura: ora segue-se um viés artístico; ora esse viés é
técnico; ora entende-se como ciências sociais aplicadas (ARAÚJO, SÁ,
BRZEZINSKI, 2018).
14. Ao
diplomar-se, Jorge Félix de Sousa recebeu o título de engenheiro-arquiteto,
denominação já utilizada, mas apenas normalizada pelo Decreto nº 23.569 de
1933, que regulava o exercício das profissões de engenheiro, de arquiteto e de
agrimensor (e fundava o Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura). Por essa
legislação, engenheiro-arquiteto e arquiteto eram equivalentes, tanto em
formação como em exercício profissional. A denominação engenheiro-arquiteto
embute ainda uma opção pela formação com viés tanto artístico como técnico.
15. Mas,
se o Brasil começou a formar seus engenheiros e arquitetos apenas no século
XIX, as raízes da engenharia arquitetônica (chamemo-la assim!) estão num
passado muito mais distante. No Egito dos faraós, os cálculos e as medições
nascem da necessidade prática, de uma necessidade típica da engenharia (que
hoje talvez chamássemos agrimensura). Com as cheias sazonais do Nilo, a cada
vazante os terrenos às margens do grande rio adquiriam configuração distinta
daquela do ano precedente. Os agricultores que vinham plantar às suas margens
tinham, portanto, a cada ano uma gleba de diferente dimensão, de diferente
geometria. Para a administração central, o problema era como cobrar impostos
sobre a área cultivada por cada agricultor, como prever a produção. Cálculos
dessa natureza são ainda hoje problemas típicos da engenharia e da arquitetura
(FLORMAN, 1996).
16. Pois,
dessa necessidade nascia o profissional da engenharia e da arquitetura. Com o
título de arquiteto, há 3 mil anos a.E.C., nascia no
Egito uma categoria profissional calcada eminentemente na necessidade de
quantificar o mundo, de mensurar, de dimensionar, - em uma palavra - de
organizar a natureza. Em 5 mil anos de profissão, podemos dizer que a natureza
da engenharia arquitetônica não mudou muito.
17. Em
vista disso, não seria de todo errado dizer que a engenharia e a arquitetura,
pela sua própria história, são profissões que estão na raiz do processo
civilizador. A engenharia arquitetônica não está apenas em um canteiro de
obras, no cálculo de uma estrutura ou no conhecimento da vazão de uma represa.
O que a engenharia arquitetônica quer é organizar a natureza, configurando-a e
preparando-a para a civilização. Ou, nas palavras de um engenheiro inglês: o
que a engenharia quer é dirigir as grandes fontes de energia da natureza para o
uso e a conveniência do homem. Mas, nesse processo de organização da natureza,
é preciso saber compreendê-la, é preciso saber como transformá-la sem alterar
seu delicado balanço.
18. Se a
engenharia e arquitetura modernas não mudaram sua finalidade em 5 mil anos,
hoje trata-se de atividade infinitamente mais complexa que em seus primórdios.
Ser engenheiro e arquiteto hoje, em uma época de técnica complexa, de processos
que infligem grandes impactos à natureza - que podem, em segundos, impacto de
anos de trabalho manual humano ou de alterações naturais - é algo que precisa estar
cercado de cuidados.
19. Esses
cuidados se iniciam diante de um horizonte amplo. Talvez o aspecto mais
evidente da carreira seja o fato de que o engenheiro-arquiteto é antes de tudo
um pioneiro. Quase nunca engenheiros e arquitetos trabalham em ambientes ou
situações urbanas, consolidadas, confortáveis. Muitas vezes, esses
profissionais vão trabalhar em lugares onde a civilização ainda não chegou,
onde o Homo faber ainda não esteve.
20. Há
vezes em que o engenheiro-arquiteto deve ser o primeiro a chegar a um lugar e,
certamente, é o primeiro a perceber um potencial, uma possibilidade, uma
solução. Quando chega o profissional da construção a um lugar, geralmente ainda
não há ali condições propícias à vida moderna. Quando chega o
engenheiro-arquiteto a um sítio, o que ele encontra é a natureza em estado
bruto. Haverá casos em que se trata de regiões inóspitas mesmo, desfavoráveis à
vida humana. Cumpre ao profissional tornar o ambiente habitável, dotá-lo de
infraestrutura. Quando Jorge Félix de Sousa abandona o Rio de Janeiro e vem
para Goiânia, a partir de sua diplomação, em 31 de dezembro de 1932, o que ali
havia era apenas um grande canteiro de obras. O engenheiro-arquiteto passa,
então, a elaborar o levantamento topográfico de quadras e lotes na futura
cidade, em seguida passa a dedicar-se às vias da nova capital, no Departamento
de Produção e Trânsito de Goiânia. Mais tarde passa a cuidar de estradas em
todo o Estado, como inspetor de Estradas de Rodagem local, para finalmente
assumir o cargo de secretário de Estado da Economia Pública (RIBEIRO,
2010-2011).
21. Ao
lado de tudo isso, Jorge Félix de Sousa não deixou de lado sua atividade de
educador, dando aulas em várias instituições da cidade, colégios e faculdades,
além de cursos livres. Deu aulas até em praça pública. Além disso, ele não
deixou de lado ainda sua atividade de criador, escrevendo, pintando,
fotografando e desenhando.
22. Mas há
ainda outra faceta do pioneirismo. Haverá vezes ainda em que o
engenheiro-arquiteto será o primeiro a vislumbrar um problema: cumpre a ele
todo o trabalho de convencimento acerca da existência do próprio problema, de
que é preciso buscar soluções. Com isso, o engenheiro arquitetônico precisa saber identificar
problemas, apontar caminhos e propor soluções, estando sempre um passo à
frente.
23. Aqui
chegamos ao segundo aspecto da carreira do engenheiro-arquiteto de que muitas
vezes não nos damos conta. Se aceitamos que o engenheiro arquitetônico é um criador - criador de
espaços, de estruturas e equipamentos, tecedor de tramas, alguém que identifica
um problema e aponta-lhe um caminho -, então, mesmo que o objeto de sua ação
seja a natureza, sua matéria-prima de trabalho são as ideias.
24. E aqui
está o cerne do drama da posição do arquiteto, situando-se ora nas belas artes,
ora na técnica. Na formação do técnico, engenheiro ou arquiteto ou artista,
cumpre não abandonar a formação humanista. É essa formação que lhe dará
sensibilidade para reconhecer que não basta modificar, reconfigurar a natureza,
abrir espaço para as realizações humanas. O engenheiro e o arquiteto devem
saber conciliar o espaço humano com o espaço natural, aparentemente tão
díspares.
25. A
missão do engenheiro-arquiteto é, portanto, a complexa coordenação entre esses
dois polos: inventivos e versáteis, mas sobretudo sonhadores e poetas. E acima
de tudo sabedores da forma de tornar reais esse sonho e essa poesia. Neste
breve artigo, buscamos deixar evidente que o poeta-engenheiro-arquiteto Jorge
Félix de Sousa se enquadra nessa categoria.
Uma
nova cidade
26. Jorge
Félix de Sousa teve participação em muitos projetos e edificações nos primeiros
anos de Goiânia. Já não se sabe a abrangência dessa participação, se restrita a
cálculos estruturais ou se abrangeria também o desenho. Mas, em menções de
diversas fontes a vários edifícios, seu nome aparece isoladamente, com o que se
pode imaginar que teria sito autor tanto do projeto de arquitetura como dos
cálculos complementares.
27. Um
desses edifícios é a Igreja Imaculado Coração de Maria, com obras iniciadas em
1940, uma das primeiras igrejas edificadas na cidade. Nomeada patrimônio
histórico do Estado em 1982, a igreja mantém ainda hoje todas as suas características
originais [Figura 1].
Jorge Félix de Sousa elaborou os projetos sem custo para a Congregação Claretiana e acompanhou diariamente a execução da obra.
Morou por muito tempo quase em frente à igreja, na mesma Avenida Paranaíba, em
uma pequena residência ainda hoje existente, também projeto seu.
28. A
igreja exibe característica do estilo art
déco, simétrica, com linhas geométricas e decoração parcimoniosa. A Casa
Paroquial, aos fundos, mantém-se indecisa entre o colonial e o contemporâneo,
com janelões em arco e grande beiral.
29. A
mesma indecisão estilística se manifesta no projeto do Coreto da Praça Cívica, edificado
por ocasião da inauguração da capital, em 1942 [Figura 2, à esquerda].
Há ali elementos claramente oriundos do Ecletismo da virada para o século XX,
bem como uma ou outra composição geométrica do art
déco. O bordo da laje de cobertura exibe decoração rebuscada, ao passo que
a laje, ao contrário das soluções adotadas no Pórtico da Exposição de Goiânia,
é estruturada em pórtico, com vigas invertidas nos balanços.
30. O
Relógio da Avenida Goiás [Figura
2, à direita], ao contrário, é obra, por assim dizer, fiel aos cânones
do art déco: ali abusa-se de decoração
geométrica, jogo de volumes e revestimento em pó de pedra com quartzito micáceo. Frisos verticais, vidros e uma intrincada grade
sobre o mostrador completam o panorama do relógio.
31. A
grande obra do período é o Teatro Goiânia [Figura 3], edifício
elaborado em parceria com José Amaral Neddermeyer. Trata-se
de obra-prima do art déco, edifício de
enormes proporções para a nascente capital, com mais de 12 m de cota de
coroamento, recorde absoluto na época para o Brasil Central. Pelo seu valor
estético e testemunho da vontade de inserir a nova cidade no âmbito cultural do
País, o teatro foi nomeado patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2003.
32. O
Teatro Goiânia tem a planta com referências náuticas, um enorme transatlântico,
com leme na popa e rostro na proa, escotilhas nos
dois lados, protegidas por elementos de ferro fundido. Na entrada principal,
nas portas, exibe a combinação de vários metais, com a inovação do metal
cromado e vidros martelados.
33. A
decoração adota uma espécie de tema com variações: a célula geradora é voluta
terminada por longo apêndice, que ora aparece isolada, ora, combinada, outra
vez de ponta cabeça ou, ainda, combinada na horizontal ou na vertical. Pode-se
ficar uns bons minutos a buscar desvendar as diversas variações na enorme
fachada do edifício.
34. Este
conjunto de obras foi edificado por ocasião das festividades de inauguração da
cidade. O Pórtico de Goiânia foi pensado como estrutura provavelmente
provisória, para marcar a entrada da Exposição de Goiânia [Figura 4]. Nessa
exposição, apresentavam-se a cidade e o Estado ao País, com exibição e amostra
de traços culturais da região, culinária, belezas naturais, danças folclóricas
ou peças étnicas. Terminada a exposição, ficou o pórtico, a marcar a entrada do
pátio da então Escola Técnica de Goiás. O pórtico, bem como o edifício
principal do hoje Instituto Federal de Goiás (IFG), também faz parte do
patrimônio nacional art déco desde
2003.
35. Jorge
Félix de Sousa foi um dos grandes responsáveis pelas solenidades do Batismo
Cultural de Goiânia. Apesar de a história oficial não o ter registrado como um
dos protagonistas, esteve nos bastidores da maioria das atividades.
36. As
solenidades iniciaram-se no dia 4 de julho de 1942, um dia frio. Após a
recepção e baile daquela noite, o dia 5 começou com grande alvorada, já a
partir das 5 horas da manhã. Todos se dirigiram então para a Praça Cívica, para
a missa campal defronte o Palácio das Esmeraldas, onde foi montado grande
cenário. À tarde, dirigiram-se os convidados ao Teatro Goiânia, para a
inauguração formal da cidade. Paralelamente a essas atividades oficiais, no
pátio da então Escola Técnica Federal, realizava-se a Semana Ruralista, com a
primeira exposição pecuária de Goiás, evento ainda hoje realizado anualmente
(BORGES, 2007).
37. Pois por
detrás de toda essa infraestrutura - Teatro Goiânia, areal da Exposição de
Goiânia, mobiliário urbano da Praça Cívica - estava a figura do
engenheiro-arquiteto.
38. Depois
desse acúmulo de obras, Jorge Félix de Sousa participaria ainda da edificação
da primeira sede da Escola Goiana de Belas Artes, na Praça Universitária, na
década de 1950, edifício já modernista, demolido em fins dos anos 1990. Foi
ainda o responsável pelo cálculo estrutural da nova catedral de Goiânia,
edificada numa quadra inteira (inicialmente planejada como área residencial) da
Avenida Universitária e inaugurada em 1956.
39. A
partir daí, suas atividades inclinam-se cada vez mais para a docência. Deixou
ainda alguns poemas, publicados postumamente, e várias gravuras e telas a óleo.
Sua personalidade introvertida quase apagou sua figura da história oficial da
nova capital.
Art
déco
40. O
estilo art déco esteve em alta desde os anos 1920. Quando
do início da construção de Goiânia, era o estilo preferencial adotado em novas
edificações e mesmo em planos urbanísticos de cidades. O arquiteto francês Alfred Agache, quando propõe seu redesenho de partes do Rio
de Janeiro, em 1930, propunha a cidade como espécie de cenário, dentro do qual
se desenvolveriam a cena e a vida urbana. Para este cenário, as palavras de
ordem eram monumentalidade e organização, além, é claro, de decoração.
41. A
ideia de edificar um pórtico para demarcar a entrada no novo mundo proposto por
Goiânia adequava-se, portanto, plenamente ao programa art
déco, como também às referências egípcias, tão em voga naquele momento,
como veremos a seguir. A escolha do concreto armado como elemento estrutural
estava igualmente em consonância com o espírito da época: novos materiais,
novas técnicas, nova escala.
42. A
função feérica do pórtico da Exposição de Goiânia estava assegurada pela
robustez dos pilares associada à esbeltez da laje. A verticalidade dos pilares
é realçada pelos frisos horizontais no topo do fuste, na base do mastro de
bandeiras, frisos que se repetem na base dos pilares.
43. O
engenheiro-arquiteto adota claramente o partido streamline
do art déco, a referência à velocidade
e ao desenho aerodinâmico, com pilares de bordas curvas, seguindo a curvatura
da laje. Essas curvas se coordenam com as curvas da mureta da base, igualmente
adornada por frisos nas extremidades.
44. O
monumento contrasta fortemente com a arquitetura vernácula, sempre em esquadro,
sempre contida e sem elementos ou adornos desnecessários. Formado no Rio de
Janeiro, na Escola Nacional de Belas Artes, nos anos 1930, Jorge Félix de Sousa
certamente tomou contato com as inovações de desenho propostas pelo art déco. Convém lembrar que Agache,
entusiasta do urbanismo art déco,
trabalhou no Brasil por vários anos da década de 1930, elaborando projetos
tanto para o Rio de Janeiro como Porto Alegre e Curitiba, entre outras.
Pórticos
45. O
pórtico do IFG foi a primeira estrutura desse tipo erigida na nova cidade de
Goiânia [Figura 5 e
Figura 6].
Inaugurado em 1942, o pórtico visava marcar de maneira monumental a entrada da
Exposição de Goiânia. Metaforicamente, o visitante, ao passar sob ele,
adentrava um novo mundo, a promessa de nova vida.
46. Essa
ideia persegue a humanidade há milênios, como atestam os toris
xintoístas ou os pailous budistas. Na mitologia
xintoísta, o pórtico marcaria a divisão entre o mundo profano e o sagrado, ao
passo que a tradição chinesa o via apenas como monumento a demarcar um sítio.
Em ambos os casos, especula-se que a origem seja a da torana
hinduísta. Na cultura hindu, a torana tinha tanto a
função de demarcar a entrada a um espaço sagrado como a de abençoar e comemorar
um evento. No nascimento de um bebê, por exemplo, era (e ainda é) comum
edificar um arco defronte a casa dos pais, sob o qual convidados e a família
devem passar com o recém-nascido ao adentrar a casa, de modo a eliminar maus
pensamentos e espíritos. O mesmo valia para um casamento ou mesmo para a
inauguração de um edifício. Essa tradição chegou até nós e manifesta-se tanto
no costume de cortar a fita inaugural de um novo edifício, bem como a de fazer
os recém-casados passarem sob os braços arqueados dos convidados.
47. A
ideia da torana, portanto, se materializa por meio de
dois pilares encimados por uma viga, destacado de qualquer outra edificação.
Aos poucos a viga superior evoluiria para uma arquitrave, com arcada, frisos e
outros elementos decorativos, o que daria origem aos grandes arcos
comemorativos.
48. De
maneira semelhante, a arquitetura grega clássica exibe o mesmo tipo de
estrutura. Não se sabe se o conceito se desenvolveu de maneira independente das
toranas hinduístas, o que é bastante provável, uma
vez que existem estruturas semelhantes em outras culturas distantes, caso das
cidades maias na América Central e mesmo das ruínas neolíticas de Stonehenge,
na Inglaterra, datadas de 2000 a.E.C.
49. De
volta à Grécia, há ali exemplos de pórticos desde os anos 1500 a.E.C. Em casos mais elaborados, a estrutura evolui para um
propileu (literalmente “algo antes da porta”), como
no caso da Acrópole (séc. V a.E.C.). Diferentemente
da evolução oriental, os propileus gregos são
estruturas em geral ligadas a um edifício.
50. A
arquitetura romana tomou de empréstimo a estrutura grega e a transformou em
grandes arcos independentes e monumentais, edificados muitas vezes para
comemorar uma vitória militar ou a chegada de um visitante ilustre. No caso
militar, os arcos do triunfo eram edificados em capitais, por ocasião da volta
das tropas vitoriosas, ao passo que arcos comemorativos foram edificados em
lugares variados, em estradas, cruzamentos ou na entrada de cidades e
territórios. Estima-se que mais de 360 desses arcos romanos tenham sido
edificados (BINDING, 2009).
51. Essa
tradição foi mantida até a época moderna, com arcos em Paris, Berlim, Madri e
várias outras cidades ocidentais. No séc. XX, o período do art
déco retomou o conceito e propôs vários monumentos desse tipo. Um dos
primeiros exemplos conhecidos é a Praça da Entrada do Brasil, projeto proposto
pelo arquiteto francês Alfred Agache (1930), para a região entre a Glória e o
Centro do Rio de Janeiro, nunca edificado [Figura 7]. Ali
sobressaem-se os dois grandes pilares por entre os quais o visitante passaria
ao adentrar o País. Outros exemplos encontram-se país afora em pontes e outras
locações marcantes.
52. Entretanto,
nesses casos, a inspiração parece mais baseada nos chamados pilones dos templos
egípcios [Figura 8],
cultura que fascinava o Ocidente na esteira da descoberta da tumba de
Tutancâmon. Os mais antigos pilones datam de 1.500 a.E.C.
e eram edificados para demarcar a entrada de um templo ou solo sagrado. Os
pilones eram formados por dois pilares ou torres laterais, unidas por uma viga.
Característica marcante a diferenciar os pilones dos arcos gregos e romanos,
bem como das toranas, são os pilares a extrapolar a
altura da viga. É esse o caso do pórtico do IFG, com suas duas altas torres de
11 m, prolongadas para além da viga de cobertura a 3,80 m do piso [Figura 5].
53. A
referência egípcia é ainda reforçada pela edificação de vários obeliscos em
pontos focais da cidade. Os grandes templos egípcios quase sempre exibiam um
par de obeliscos em frente ao pilone. Se não há obeliscos em frente ao pórtico
de Jorge Félix de Sousa, há (ou havia) exemplares tanto na Praça Cívica, no
ponto exato do prolongamento das Avenidas Tocantins e Araguaia, como no
cruzamento dessas mesmas avenidas com a Anhanguera. Não seria demais especular
que nosso engenheiro-arquiteto tenha se baseado nessas referências, homem culto
que era, de múltiplos interesses, com longos anos de estudos no Rio de Janeiro.
Salta aos olhos a semelhança entre o hieróglifo que representa o pilone e a
planta do pórtico, talvez mera coincidência.
54. A estrutura
completa dos pilones egípcios está ligada à ideia de recriação e renascimento.
É a representação espacial do hieróglifo “horizonte”, com o sol a nascer entre
duas colinas. Nada mais apropriado portanto que edificar um pilone na nova
cidade que recriava Goiás e se abria para o País e para o mundo.
Concreto
armado
É o material que
inspira o arquiteto ou as ideias do arquiteto que motivam o fabricante de
materiais?
Cédric Avenier
55. Entre
as várias inovações chegadas com a construção de Goiânia, das mais importantes
talvez tenha sido o cimento, com sua aplicação em peças de concreto armado de
vergalhões de aço.
56. Essa
técnica passou a substituir a antiga estrutura de madeira, possibilitando
maiores vãos e altura, bem como múltiplos pavimentos. O concreto armado permite
edifícios maiores, mais altos, vãos mais largos, sacadas maiores, com lajes em
balanço.
57. O
concreto armado era uma inovação relativamente recente, iniciada na França a
partir do século XIX. Após várias experimentações com a técnica, a primeira
estrutura registrada é um edifício de quatro pavimentos construído num subúrbio
de Paris, em 1853.
58. O
concreto armado consiste em uma estrutura de ferro, uma espécie de esqueleto,
em volta da qual é aplicada uma mistura de cimento, areia e brita. O cimento é
um material altamente resistente à compressão, mas não resiste bem à tração.
Combinado o cimento com o aço, o composto ganha resistência tanto à tração como
à compressão, uma união que possibilita peças esbeltas e ao mesmo tempo
resistentes, o que não seria possível nem com peças de madeira nem com esses
materiais usados isoladamente. Em que pese ter sido introduzido apenas no
século XIX, tanto o ferro como o cimento eram já antigos conhecidos.
59. Os
primeiros registros de uso de cimento datam do Egito, em pirâmides do séc. XXV a.E.C. De maneira sistemática, foi também utilizado no
Império Romano, em vários tipos de edificações. Com o fim do Império Romano, a
tecnologia caiu em esquecimento e o conhecimento só foi recuperado nos anos
1800 na França, com a compreensão dos processos químicos envolvidos e o domínio
da fabricação do cimento (AVENIER, 2010).
60. No
Brasil, a tecnologia de produção de cimento chegou com as primeiras pequenas
fábricas em fins do século XIX. A maioria dessas fábricas não durou mais que
uns poucos anos, já que os custos de transporte entre os locais de produção e
de consumo tornavam o produto custoso. Com escala comercial e de maneire
perene, a primeira indústria estabeleceu-se em São Paulo em 1924, a Companhia
Brasileira de Cimento Portland.
61. Jorge
Félix de Sousa especializou-se em cálculo estrutural de concreto armado,
disciplina ainda jovem. Sistematizado inicialmente na França e na Alemanha em
meados do século XIX, a primeira obra conhecida no Brasil em concreto armado é
um túnel ferroviário concluído em 1901, na Serra da Mantiqueira em Minas
Gerais. A partir daí, foram construídos pontes, aquedutos e muros de arrimo, e
o primeiro edifício surgiria em 1909, em São Paulo. Em todas essas obras, foi
mínima a participação de construtores nacionais, visto que a técnica ainda era
pouco conhecida. Apenas em 1926 funda-se no Brasil o primeiro escritório de
cálculo estrutura de concreto armado, do engenheiro Emílio Baumgart, no Rio de
Janeiro.
62. Foi nesse
cenário que o jovem Jorge Félix de Sousa tomou contato com essa técnica,
tornando-se responsável por vários dos primeiros edifícios com estrutura de
concreto armado em Goiânia e, por conseguinte, em Goiás. Os depoimentos de
construtores da época o dão como autor dos projetos estruturais do Teatro
Goiânia (1942), com grande plateia superior em balanço; do Coreto da Praça
Cívica; e do Relógio da Avenida Goiás (1942). É de sua autoria ainda o cálculo
estrutural da Igreja Imaculado Coração de Maria (iniciada em 1940), além de
participação no cálculo da Catedral Metropolitana de Goiânia (1956).
O
pórtico do IFG
63. Ao
longo da história, vários materiais foram utilizados na edificação de pórticos
e arcos. Na arquitetura clássica greco-romana, o material preferencial para o
pórtico era a pedra, mesmo material dos pórticos maias e egípcios, ao passo que
toris xintoístas utilizam majoritariamente madeira.
Alguns pórticos romanos também utilizaram-se de cimento com revestimento em
pedra. O pórtico do IFG foi edificado em concreto armado e alvenaria de tijolo
rebocada e pintada.
64. Dois
pilares robustos formam a base do pórtico. O volume e a geometria dos pilares são
moldados por alvenaria rebocada, ocos na base e sólidos a partir de determinada
altura. Unindo os dois pilares, há a laje em concreto armado, extremamente
delgada, com espessura de 10 cm no bordo, contrapondo-se à elevada robustez dos
pilares. Entretanto a esbeltez da laje é efeito visual provocado por sua forma:
no ponto de engaste com os pilares, a espessura chega a 15 cm. O resultado
atende duplo objetivo, um técnico, outro poético: diminuição do peso próprio no
bordo, região de maior carga, e grande esbeltez da peça.
65. Os
elementos estruturais foram edificados em concreto convencional da época e,
após quase 80 anos de existência exibia elevada carbonatação e grande oxidação
de ferragens expostas. Durante os trabalhos de restauração em 2020, ficou evidente
a degradação da estrutura.
66. Os desgastes identificados tinham origem
principalmente em infiltração pluvial, em especial na parte inferior da laje.
Ocorre que a velocidade de escoamento da água por sobre o bordo da laje
permitia-lhe escorrer para dentro da superfície inferior. Para corrigir o
problema, foram moldadas pingadeiras com menos de 1 cm em todo o bordo da laje,
de seção quadrada com sulco em sua face inferior.
67. Afora essa pequena correção, em termos
estruturais a edificação é tão magnífica quanto simples: laje que se apoia em
um pilar. Entretanto, para conhecedores de sistemas estruturais, a simplicidade
das peças combinadas é já um fator instigador. Os sistemas estruturais mais
simples são compostos por três elementos: lajes, vigas e pilares. No caso de
nosso pórtico, as vigas foram suprimidas, obtendo-se, portanto, apenas os
elementos placa e barra, com apoio direto da placa na barra - uma laje
cogumelo. Uma placa, ao apoiar-se em uma barra, faz com que a barra tenda a
perfurar a placa. A maneira de evitar esse problema é ampliar a seção
transversal do pilar e aumentar a espessura da laje na região de contato entre
os dois elementos.
68. No caso de um pórtico, a laje tem a
função de cobrir uma determinada área, protegendo, por exemplo, da chuva; e os
pilares devem compor a elevação do conjunto, conferindo a pujança necessária ao
destaque do acesso. Os pilares devem ter elevação vertical tal que confiram o
marco necessário à composição da fachada.
Conclusão
69. Numa análise estrutural, histórica e
estética do pórtico, ficam evidentes a sensibilidade técnica e o conhecimento
do comportamento estrutural por parte do projetista, ao conferir as dimensões
harmônicas e adequadas ao conjunto. Por vezes, a arquitetura é tratada como
arte; mas a etimologia destaca sua essência mais ampla, já que na grande
arquitetura a arte nunca se dissocia da técnica.
70. O conhecimento técnico e capacidade
criativa do engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Sousa, já no primeiro terço do
século passado, praticando Arte e Técnica em Goiás, permitiu-lhe projetar um
pórtico que ao mesmo tempo carregasse os conceitos da arquitetura vanguardista
contemporânea ao art déco, fazendo das
perfeitas correlações de medidas e dimensões a base principal para que uma obra
de concreto armado persistisse por praticamente 80 anos sem qualquer
intervenção mais significativa. Chama a atenção ainda o fato de a edificação
ter sido produzida nos primórdios de adoção deste material, ainda sob técnicas
rudimentares, tendo se sustentado cumprindo as finalidades para quais foi
concebida. Finalmente, trata-se de uma das poucas edificações capazes de
registrar os elementos que expressam a condição histórica em que surge a
capital de Goiás.
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consultados
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do Museu D. João VI, Escola de Belas Artes, UFRJ
Elysium,
Goiânia
Construtora
Biapó, Goiânia
Museu
da Imagem e do Som, Goiânia
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* Professor e pesquisador
do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás.