Volume III, número 4 │ outubro 2008 ISSN 1981-030X |
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. Editorial .
O desejo de ampliar as referências disponibilizadas em 19&20 é um dos mais notáveis na configuração da atual edição de outubro. Em contraste com a deliberada restrição do número anterior, que se centrava na obra e na atuação de artistas, em especial pintores - recorte, como fizemos notar, tradicionalmente caro à nossa historiografia de arte e não ausente do número atual -, o conjunto de trabalhos desta vez reunidos esboça os contornos de uma cultura visual oito-novecentista bem mais diversificada, na qual a figura individualizada do artista possui, por vezes, um destaque relativamente discreto e manifestações artísticas das mais diversas - como a moda, a fotografia ou as artes decorativas - possuem papel tão importante quanto o das chamadas 'belas-artes'. Uma ampliação de referências é igualmente perceptível no lapso de tempo abarcado pelos artigos da presente edição, ligeiramente mais largo do que o de edições anteriores, indo desde o período joanino até o Estado Novo, com a afirmação de tendências identificadas com o Modernismo brasileiro. . Com um análogo desejo de ampliação, embora de sentido diverso, pode ser entendida a iniciativa de disponibilizar versões em língua estrangeira da atual edição de 19&20 e de alguns de seus artigos. Essa empreitada se encontra aqui apenas iniciada, mas, ajudados pela maleabilidade dos meios eletrônicos, pretendemos progressivamente ampliá-la, inclusive com a disponibilização de versões traduzidas de edições e artigos anteriores. Nossa intenção é ampliar a visibilidade de trabalhos acadêmicos versando sobre a arte brasileira a um público internacional e abrir um canal para futuros intercâmbios com pesquisadores de outros países que abordam o período delimitado em nossa publicação. Cremos que, especialmente para estes últimos, a produção artística brasileira apresenta interesse pela riqueza de exemplos de resignifação criativa e singular dos gêneros, correntes estéticas e modelos oriundos de outras latidudes. É importante frisar, igualmente, que se a arte brasileira, no processo de constituição de seu imaginário e fazer próprios, absorveu tendências estéticas estrangeiras, ela desempenhou, em contra-partida, um papel ativo na legitimação dessas últimas, fato não-desprezível para todo interessado na melhor compreensão do processo de configuração do campo artístico dos outros países onde essas tendências vigoravam. . Camila Dazzi
.Arthur Valle Editores |