Volume III, número 2 │ abril 2008 ISSN 1981-030X |
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. Editorial Em finais de fevereiro último, o I Colóquio de Estudos Sobre Arte Brasileira do Século XIX
reuniu no Rio de Janeiro uma parcela significativa dos pesquisadores
que se debruçam sobre nossa arte do oitocentos e início
do século XX. Dando continuidade a esse evento, a
atual edição de 19&20
se dedica, em parte, à publicação de
comunicações nele apresentadas - tarefa que levaremos a
cabo nas próximas edições e que visa
“driblar”, em certa medida, os notórios problemas de
divulgação que conhecem nossas publicações
acadêmicas.
Um tópico que permeou bom número das intervenções apresentadas no Colóquio foi o das relações entre a cultura figurativa brasileira e a internacional. Estas constituem um eixo verdadeiramente unificador da presente edição de 19&20, como se pode facilmente perceber na seção Obras, onde Karin Phillipov relaciona alguns quadros de Almeida Jr., como Saudade e Nhá Chica, a exemplares da pintura de gênero de diversos paises europeus, e onde a atuação em terras brasileiras de artistas estrangeiros - como Giuseppe Amisani ou dos “viajantes” Thomas Ender, Jean-Baptiste Debret, entre outros - é tratada pelas autoras Fernanda Pitta e Valéria Lima. Nesse mesmo sentido, o texto da seção Artistas, escrito por Neiva Bohns, aborda, por sua vez e entre outras temas, a intensa circulação do gaúcho Pedro Weingärtner por alguns dos principais centros artísticos europeus na virada do século XIX para o XX. Na seção Arquitetura e Artes Decorativas, o tema das relações internacionais da nossa cultura se evidencia nos artigos de Marcelo Puppi e Fernando Atique, que tratam, respectivamente, das idéias do francês Léonce Reynauld e de sua recepção brasileira e da absorção das reflexões norte-americanas sobre as práticas arquitetônicas na Escola Nacional de Belas Artes do início do século XX. E, embora não um fruto das discussões levadas a cabo no supracitado Colóquio, o outro artigo de Arquitetura e Artes Decorativas, escrito por Roberto Conduru, dialoga, sob o viés das relações Brasil/Europa, com os outros mencionados: ao defender a inclusão definitiva de obras desvinculadas da Missão Artística Francesa no cânone do neoclasicismo em terras brasileiras, Araras Gregas - como seu próprio título indica - não deixa de frisar as pontes entre o Novo e o Velho Mundo. No derradeiro artigo da seção Obras, Alessandra Rosado aborda os novos campos interdisciplinares de estudo da arte que vem se estabelecendo nas últimas décadas, como a Arqueometria e a História da Arte Técnica, e, na seção Ensino Artístico, o tema da didática do Desenho em Escolas Normais, na transição do século XIX para o XX, é tratado por Bruno Dias, Daniela Fonseca e Renata Duarte. Por fim, na seção Fontes Primárias, a transcrição feita por Andréa Costa Kusaba do famoso artigo de Gonzaga Duque “Rodolpho Amoedo. O Mestre, deveríamos acrescentar”, vem preencher uma velha lacuna ao estabelecer o necessário diálogo com o artigo homônimo de Luciano Migliaccio que publicamos na edição de abril do ano próximo passado. Arthur Valle
Camila Dazzi Editores |